“Potassa” é um termo que se refere a diferentes compostos químicos que contêm potássio. A potassa espanhola foi descoberta na cidade de Súria, próxima a Barcelona, há mais de 100 anos. No entanto, a Iberpotash, empresa responsável pela extração dessas sais minerais, tem estado cercada de polêmicas e investigações por acidentes de trabalho. Por causa disso, a mineração desse material na Espanha não consegue avançar, embora o setor continue sendo essencial, já que o potássio é a base para a fabricação de fertilizantes.
Sai a Rússia, entra a Espanha?
20% da produção mundial de potassa passa pela Rússia, com apenas o Canadá estando acima. Na Europa, Rússia e Bielorrússia controlam 54% da produção e da distribuição. Mas, assim como ocorre com o gás natural, a guerra na Ucrânia acabou afetando o consumo desse recurso em todo o continente.
Os preços dos fertilizantes aumentaram em 195%, superando os US$ 1.100 (R$ 6 mil) por tonelada. Tentando buscar alternativas à Rússia para o fornecimento de potassa, o mercado internacional voltou suas atenções à Espanha.
Mina Muga, o maior projeto mineral espanhol
A cerca de 50 km da cidade de Pamplona, o projeto da Mina Muga se tornou estratégico para a obtenção de potássio. A empresa Geoalcali, subsidiária da australiana Highfield Resources Ltd, realizou alguns estudos na década de 80, mas a construção dessa mina só começará no final de 2024 ou no início de 2025, com o objetivo de produzir até um milhão de toneladas de potássio por ano.
Essa quantidade equivale a um terço do volume que a Europa importa da Rússia. É suficiente para abastecer sozinha todo o mercado da Espanha e da França. A Mina Muga, prevista para ter uma vida útil de cerca de 30 anos, deve ter um EBITDA (fluxo de caixa) de 340 milhões de euros.
Segundo estimativas da Geoalcali, Muga gerará cerca de 800 empregos diretos. A extração de potássio deve começar entre 2026 e o início de 2027.
US$ 100 milhões não são suficientes
A Geoalcali investiu, até o momento, mais de 100 milhões de euros (R$ 600 milhões) para obter as licenças necessárias para avançar na construção. Mas ainda não é suficiente para levar adiante o ambicioso projeto.
“Ninguém na Espanha tem a capacidade financeira e o conhecimento do negócio para fazer esse acordo estratégico, devido ao setor e ao perfil. É necessário buscar perfis muito específicos”, explicou Ignacio Salazar, CEO da Highfield Resources, ao jornal Expansión.
China ao resgate
A solução deve vir da China. Três empresas chinesas — Yankuang Energy Group, Beijing Energy International Holding e Singapore Taizhong Global Development — concordaram em investir 90, 50 e 30 milhões de dólares, respectivamente, na Mina Muga, somando-se aos US$ 50 milhões (R$ 273 milhões) obtidos pela Highfield de investidores diversos. Essas três empresas chinesas são especializadas em mineração, energia e comércio atacadista.
O governo de Navarra se mostrou otimista em relação aos acordos firmados com as companhias chinesas para impulsionar a Mina Muga. "É a concretização desse tipo de sinergia que é benéfica para todas as partes", explicaram representantes do Poder Executivo regional.
Os acordos com a China estão alinhados com o que o governo busca, mas também geram dúvidas sobre o papel que a China pode desempenhar em setores tão estratégicos como a extração de minerais.
A Mina Muga ainda não está autorizada a funcionar pelos reguladores espanhóis, mas já está mais próxima dos 450 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) necessários para chegar lá. A extração de potássio é necessária para eliminar a dependência da Rússia na produção de fertilizantes, um setor básico e essencial.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Sergey Mikhalenko/Shutterstock
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