Um investimento feroz em energias renováveis permitiu que a China, o país mais poluente do mundo, reduzisse pela primeira vez sua dependência do carvão em 2024. Mas sua rede elétrica está longe de ser eficiente.
A capacidade eólica e solar da China superou os 1.200 gigawatts de potência neste ano, um objetivo que o presidente Xi Jinping havia estabelecido para 2030. Ou seja, o país atingiu sua meta seis anos antes do previsto.
A China investe mais do que qualquer outro país em energias renováveis. Apenas em julho, adicionou 25 GW em turbinas eólicas e painéis solares, ampliando sua capacidade total para 1.206 gigawatts, segundo um comunicado da Administração Nacional de Energia.
Uma questão pendente
Em relação aos EUA, o segundo país com maior capacidade renovável em termos absolutos, a China agora tem o quádruplo de instalações. Mas esse crescimento vertiginoso não está isento de problemas. A energia eólica e solar gerou apenas 14% da eletricidade consumida pela China na primeira metade do ano.
A China enfrenta um problema de flexibilidade: precisa de mais sistemas de armazenamento em grande escala para compensar a intermitência das energias renováveis, que não funcionam quando o vento não sopra ou o Sol não bate. O país possui uma capacidade de geração de energia limpa incomparável, mas precisa armazená-la para não depender do carvão.
É hora de investir em baterias
A solução óbvia são as baterias. Os operadores da rede elétrica estão colocando muito dinheiro em instalações de armazenamento, principalmente parques de baterias. Também estão investindo em novas linhas de transmissão, para que a energia gerada pelos aerogeradores e painéis solares chegue até as baterias.
A capacidade de armazenamento de energia da China aumentou 40% até agora em 2024, atingindo 44 GW no final de junho.
E começar a utilizá-las
As leis provinciais chinesas já exigem que as empresas incluam armazenamento de energia em seus parques eólicos e solares para operar, mas serão necessárias novas reformas no mercado elétrico para que, além de serem instaladas, comecem a ser utilizadas.
Assim como acontece na Europa, a eletricidade na China já é barata graças às energias renováveis, mas vender energia armazenada não é rentável, fazendo com que as baterias se acumulem sem uso. Segundo o Bloomberg, elas operam apenas uma vez a cada dois dias, permanecendo inativas 91% do tempo.
Atualmente, a China ainda é o maior importador de carvão e o país mais poluente do mundo. Sua dependência o tornou o único país que continuava construindo usinas térmicas em grande escala.
Agora, após anos batendo recordes de instalação de energia eólica e solar, sem esquecer sua capacidade hidrelétrica e nuclear, a China reduziu em 80% o número de permissões para novas usinas térmicas. A geração de energia a partir do carvão diminuiu pela primeira vez em 2024.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Xinhua
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