NVIDIA culpa os EUA: as sanções à China estão abrindo caminho para que a Huawei defina os novos padrões globais

A Huawei tem uma alternativa ao CUDA, da NVIDIA, cada vez mais robusta: o CANN

Impedir NVIDIA de fornecer para clientes chineses pode ser mais problema que solução para os EUA / Imagem: NVIDIA e Huawei
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Para a NVIDIA, perder o mercado chinês seria “uma perda enorme”. Não somos nós que dizemos isso; quem afirma é Jensen Huang, diretor-geral da empresa norte-americana. O futuro da companhia na China é objetivamente incerto. As sanções dos EUA não param de se intensificar e, pouco a pouco, vêm restringindo o leque de produtos que a NVIDIA pode fornecer aos seus clientes chineses, apesar das tentativas da empresa de contornar as proibições.

Durante o último exercício fiscal, encerrado em 26 de janeiro de 2025, a China representou aproximadamente 13% das receitas totais da NVIDIA, com cerca de 17 bilhões de dólares. Na prática, o país liderado por Xi Jinping é o terceiro maior cliente da empresa, atrás apenas dos EUA e de Taiwan. No entanto, não se trata apenas de dinheiro; está em jogo também a possibilidade de a Huawei conseguir definir os padrões globais em detrimento das tecnologias da NVIDIA.

O domínio do CUDA está em risco

“Estamos em um ponto de inflexão. Os Estados Unidos precisam decidir se vão continuar liderando o desenvolvimento e a implementação global da inteligência artificial (IA) ou se vão recuar e se retrair [...] A América não pode liderar freando a si mesma. Se recuarmos, outros ocuparão esse espaço. E o ecossistema global da IA se fragmentará tecnologicamente, economicamente e ideologicamente”, declarou Jensen Huang diante dos legisladores dos EUA.

Para a NVIDIA, o problema de não poder vender suas GPUs para IA aos clientes chineses é grave, mas a ameaça maior é a possibilidade de o CUDA (Compute Unified Device Architecture) perder seu domínio atual na indústria de IA. E isso porque essa tecnologia tem um papel essencial no negócio da NVIDIA. A maior parte dos projetos de inteligência artificial que estão sendo desenvolvidos atualmente estão implementados sobre o CUDA.

Essa tecnologia reúne o compilador e as ferramentas de desenvolvimento usadas pelos programadores para criar software para as GPUs da NVIDIA — substituí-la por outra opção nos projetos já em andamento representa um grande desafio. A Huawei, que almeja conquistar uma fatia significativa desse mercado na China, tem o CANN (Compute Architecture for Neural Networks), sua alternativa ao CUDA, mas, por enquanto, o CUDA domina o mercado.

O CANN tem sido criticado pela dificuldade de uso, além de apresentar desempenho instável, documentação insuficiente e problemas de confiabilidade. No entanto, subestimar a capacidade da Huawei em corrigir essas falhas seria um erro grave. De fato, a empresa chinesa já admitiu a existência desses problemas e confirmou que está trabalhando para resolvê-los. No entanto, não é só a Huawei que ameaça a posição de liderança da NVIDIA.

O CANN não é a única aposta do país governado por Xi Jinping

A Moore Threads é uma das empresas chinesas que se dedicam à produção de hardware para IA às quais as empresas alinhadas com os interesses dos EUA e seus aliados não podem vender nem software nem equipamentos avançados. Embora seja muito jovem (foi fundada em 2020), a empresa tem algo muito importante a seu favor: seu fundador é Zhang Jianzhong, ex-gerente geral da filial da NVIDIA na China, o que significa que ele conhece bem o que está fazendo.

A Moore Threads desenvolveu várias GPUs para aplicações de IA que, em teoria, rivalizam com algumas das soluções avançadas que empresas como NVIDIA, AMD ou Huawei colocaram no mercado. No entanto, a companhia tem algo a mais: um pacote de software com o qual busca quebrar definitivamente o domínio do CUDA.

Ele é chamado MUSA, é compatível com a linha de placas MTT e incorpora um compilador, bibliotecas de execução, bibliotecas especializadas e ferramentas de depuração de código. Em teoria, a característica mais atraente de MUSA para a China é que ele permite reutilizar o código escrito em CUDA, transferindo-o de maneira que possa ser executado nas placas para IA da Moore Threads.

Imagem | NVIDIA / Huawei

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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