Originalmente, a ideia era simples: adicionar movimento à parte frontal de um gabinete. Sem LEDs ou ventoinhas decorativas — movimento real, mecânico, tangível. O autor do projeto, um YouTuber habituado a projetos "faça você mesmo", começou com um módulo exclusivo: um hexágono feito de plástico transparente, montado em um eixo impresso em 3D e acionado por um pequeno motor. Uma vez fixado na parte frontal do gabinete, o módulo gira sobre si mesmo e reflete a luz de dentro do PC. O efeito está presente, mas é apenas simbólico.
O protótipo é baseado em um Arduino Uno — um microcontrolador — programado de forma básica. Um único motor é controlado por meio de um driver simples. O hexágono é ativado quando o PC é ligado, gira por alguns segundos e depois para. A estética funciona, mas a interação é inexistente. Para tornar o sistema mais impressionante, o criador do projeto imaginou uma fachada completa composta por hexágonos idênticos. Ele imprimiu uma primeira versão com seis módulos, todos mecanicamente interligados para girarem simultaneamente. Essa versão intermediária gera um padrão espelhado, mas não permite qualquer independência de movimentos.
A principal limitação vem da própria mecânica. Cada hexágono é montado em uma haste vertical, que atravessa a fachada de madeira. Mas, assim que vários módulos giram ao mesmo tempo, surge o atrito. A madeira se deforma levemente sob tensão. Os motores travam. Fica claro, então, que seria necessário abandonar essa abordagem agrupada e pensar em um sistema distribuído, mais complexo, porém mais flexível.
885 peças, 12 motores e sincronização em nível de mícron
A versão final do projeto foi completamente redesenhada com o software Fusion 360. Cada hexágono móvel torna-se um módulo independente, montado em um suporte impresso em ácido polilático (PLA), que, por sua vez, é fixado a um eixo motorizado. Os hexágonos então foram fixados em grupos de quatro, em colunas verticais, cada um acionado por seu próprio motor NEMA 17. No total, a fachada possui 12 motores, cada um acionando um estágio de quatro hexágonos. O próprio YouTuber imprime todas as peças necessárias para a mecânica: suportes do motor, engrenagens, espaçadores, guias e estruturas. Algumas peças exigem mais de 10 horas de impressão. São, ao todo, 885 peças para montar manualmente, com várias rodadas de testes, desmontagens e ajustes entre cada versão. O projeto levou dois meses para ser concluído! O painel frontal foi projetado para ser facilmente desmontado, caso um motor falhe ou uma peça quebre.
O código do Arduino foi cuidadosamente estruturado. Cada motor recebe instruções de rotação independentes, de acordo com um padrão codificado. O programa também prevê uma dessincronização intencional entre as colunas, para criar um efeito de onda mecânica. Quando o PC é ligado, os hexágonos ganham vida em ciclos programados, dando a impressão de uma parede viva, em movimento perpétuo. Em baixa velocidade, o padrão é fluido e hipnótico; em alta velocidade, torna-se caótico e quase agressivo. O principal problema, uma vez que a fachada está funcional, continua sendo o ruído. Os motores emitem vibrações audíveis, amplificadas pela estrutura do gabinete. Para reduzir o incômodo, o "faça você mesmo" adiciona blocos de isolamento sob cada motor e insere amortecedores de feltro nos pontos de contato. Como resultado, o ruído se torna tolerável durante uma sessão de jogo, mesmo que o sistema esteja longe do silêncio de uma torre convencional.
Hoje, o painel frontal não tem função utilitária: não resfria, não coleta dados, não altera o desempenho do PC. Mas reage assim que o sistema é ligado e funciona durante toda a sessão de jogo. Uma extensão da configuração, puramente visual, na fronteira entre a arte cinética e o mod extremo.
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