Só havia uma maneira de baixar o preço da memória RAM: a Samsung e a SK Hynix recusaram categoricamente

  • A Samsung e a SK Hynix confirmaram que não aumentarão a produção de memória RAM para reduzir os preços;

  • Sua prioridade é a lucratividade, acima do receio de uma bolha de preços

Só havia uma maneira de baixar o preço da memória RAM: a Samsung e a SK Hynix recusaram categoricamente
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Fabrício Mainenti

Redator

A resposta mais básica a um mercado com alta demanda e preços crescentes é simplesmente aumentar a produção. No entanto, em um mercado de memória que atravessa uma crise de preços (em grande parte devido à "tempestade perfeita" causada pela IA), as duas empresas que controlam uma enorme porcentagem da oferta global optaram pela estratégia oposta.

A Samsung e a SK Hynix confirmaram a seus investidores que não têm intenção de inundar o mercado para aliviar a escassez. Sua prioridade mudou: elas preferem a lucratividade e a segurança a curto prazo diante de uma potencial bolha da IA, a qual levou a indústria a parar de fabricar para pessoas e começar a fabricar para máquinas.

Um fim retumbante para a produção em massa

A decisão das gigantes sul-coreanas de memória é firme e pública. De acordo com a mídia internacional e o jornal coreano Hankyung, a Samsung esclareceu em conferências de investimento que sua estratégia agora se concentra em minimizar o risco de superprodução em vez de expandir rapidamente sua capacidade.

Esse caminho já está tendo consequências tangíveis: atualmente, a Samsung só consegue atender a 70% dos pedidos de DRAM que recebe. A SK Hynix, por outro lado, admitiu abertamente que "será difícil resolver a escassez de suprimentos" antes do primeiro semestre de 2027.

Adeus aos controles de fornecimento estáveis

A nova política de restrição de oferta vem acompanhada de uma mudança nas regras do jogo. A mídia sul-coreana indica que a Samsung começou a rejeitar contratos de longo prazo. Isso impede que fabricantes de PCs e celulares se protejam contra a inflação, repassando o aumento de custos para o consumidor final. É a concretização do que os executivos da Xiaomi já vinham alertando semanas atrás: seu próximo celular será mais caro.

Sacrificar o consumidor por uma boa causa

A razão técnica por trás da escassez é uma mudança nos recursos. As linhas de produção estão sendo focadas na fabricação de memória HBM — inclusive a Intel, em resposta à sua situação atual — essencial para GPUs de inteligência artificial. O exemplo mais drástico é a Micron, a terceira maior empresa do setor, que anunciou o fechamento de sua divisão de consumo, "Crucial", para se concentrar no setor de dados e IA. Ao reservar a produção para clientes estratégicos, o mercado consumidor fica ainda mais carente de oferta.

Medo de uma bolha

Por trás dessa relutância em maximizar a produção para satisfazer a todos, reside um trauma. Os fabricantes temem que o boom da IA ​​seja uma bolha e que, eventualmente, entre em colapso após uma expansão massiva. Por quê? Porque ficariam com fábricas superlotadas e prejuízos milionários. Preferem manter a escassez atual — que, em alguns casos, elevou os preços da memória em até 300% — a arriscar um futuro excesso de oferta.

As projeções não são otimistas

Analistas concluem que a crise se estenderá para além de 2028. Estima-se que a demanda por memória crescerá 35% em 2026, enquanto a oferta aumentará apenas 23%. Com a Micron se retirando do mercado consumidor e as gigantes coreanas reduzindo a produção, a escassez deixará de ser uma situação temporária e se tornará a norma do mercado pelos próximos anos.

Imagem de capa | composição de PxHere e CEFICEFI para Wikimedia Commons


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