Na NVIDIA tudo parece ir muito bem, mas nem isso basta para Wall Street. O último balanço trimestral voltou a mostrar um desempenho excepcional, mas há um porém. A empresa mais importante do mundo — ao menos em valor de mercado — também tem seu calcanhar de Aquiles.
Uma perigosa concentração de clientes. O relatório oficial com os resultados financeiros aponta um “risco de concentração” entre os principais clientes da NVIDIA. E a situação é preocupante: seis clientes respondem por 85% de toda a receita da empresa.
- 10,75 bilhões de dólares – Cliente A (23% do total)
- 7,48 bilhões de dólares – Cliente B (16%)
- 6,54 bilhões de dólares – Cliente C (14%)
- 5,14 bilhões de dólares – Cliente D (11%)
- 5,14 bilhões de dólares – Cliente E (11%)
- 4,67 bilhões de dólares – Cliente F (10%)

O problema só cresce
Considerando apenas os dois maiores clientes, o A responde por 23% da receita da NVIDIA e o B por 16%. Ou seja, 39% da receita vem de apenas dois clientes. Há um ano, os dois principais representavam 14% e 11%, somando 25% no total.
Esses dados levantam uma pergunta inevitável: quem são esses clientes. E a resposta não é nada simples.
Clientes diretos…
A NVIDIA faz uma distinção entre os clientes citados no relatório, dividindo-os em dois grandes grupos. O primeiro é o dos clientes diretos, que não são os usuários finais dos chips, mas empresas que os compram para montar sistemas completos ou placas que depois são vendidas a centros de dados, provedores de infraestrutura em nuvem ou clientes finais. Entre os exemplos, segundo a CNBC, estariam Foxconn, Quanta e Dell.
… e clientes indiretos
É aqui que entram as empresas que todo mundo imagina e que usam esses chips — comprados dos clientes diretos — em seus enormes centros de dados. Microsoft, OpenAI, Meta, Google, Tesla/xAI e até a Oracle são candidatas óbvias, mas novamente é impossível saber com certeza quem está nessa lista dos grandes compradores.
Mas os dois mais importantes são diretos. O que a NVIDIA deixou claro é que os clientes A e B são clientes diretos, portanto, em teoria, não seriam nenhuma dessas big techs.
Porém, as próprias definições da NVIDIA são um tanto difusas, já que a empresa afirma que alguns clientes diretos compram chips para montar sistemas para uso próprio, o que poderia incluir qualquer uma dessas gigantes.
Para complicar ainda mais, a NVIDIA afirmou que dois de seus clientes indiretos responderam cada um por 10% da receita total, sobretudo por meio da compra de sistemas feitos pelos clientes A e B.
OpenAI entre as apostas
A NVIDIA mencionou que “uma empresa de pesquisa e desenvolvimento em IA” contribuiu com uma parte “significativa” da receita, tanto por meio de clientes diretos quanto indiretos. Há várias candidatas nesse perfil, mas uma das mais fortes é a OpenAI, especialmente agora que está envolvida no Projeto Stargate.
Mas a situação é arriscada
Depender tanto de tão poucos clientes é delicado e cria uma perigosa cadeia de dependência. A NVIDIA depende de intermediários que, por sua vez, dependem de um punhado de gigantes da tecnologia. O destino da companhia está nas mãos de dois compradores que somam quase 40% do negócio. E o risco não é apenas para a NVIDIA, mas para todo o ecossistema tecnológico que depende de seus chips.
Não são só empresas, são países comprando GPUs. Outro dado curioso do relatório mostra como alguns governos estrangeiros também estão adquirindo chips em massa.
A empresa, inclusive, espera faturar 20 bilhões de dólares com projetos de “IA soberana”, em que países buscam criar seus próprios modelos e infraestrutura de inteligência artificial.
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