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Superiate de 200 milhões de dólares e 80 metros de altura aterroriza moradores de vilarejo na Holanda — a parte mais difícil deste gigante foi levá-lo ao mar sem destruí-lo

Um superiate de 80 metros de comprimento e 200 milhões de dólares protagonizou uma odisseia que interrompeu o tráfego de várias estradas até completar uma travessia de 70 km por canais estreitos para chegar ao mar aberto

Como fazer passar um superiate por canais apertados de uma cidadezinha da Holanda? / Imagem: Feadship, Aston Martin F1
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Imagine viver em um vilarejo tranquilo perto de Roterdã e, ao olhar pela janela, ver passar diante de você um colosso de 80 metros de comprimento, 14 metros de largura e com a altura de um prédio de três andares. Foi exatamente isso que aconteceu (mais uma vez) com os habitantes do pacato vilarejo de Alphen, nos Países Baixos.

Segundo o veículo local AD, quem se aproximou de um dos canais que atravessam a cidade pôde ver um superiate de 200 milhões de dólares, propriedade de Lawrence Stroll — dono da equipe de Fórmula 1 da Aston Martin e chefe de Fernando Alonso — fazendo malabarismos para alcançar o mar, navegando por canais estreitos e desviando de pontes e todo tipo de obstáculos em sua jornada.

A odisseia do megaiate

A Feadship é uma das principais fabricantes de superiates do mundo. De seus estaleiros em Aalsmeer saíram colossos como o Launchpad de Mark Zuckerberg, com 118 metros de comprimento. Todos eles tiveram que passar por esse intrincado percurso de canais estreitos, curvas que colocam à prova a habilidade dos engenheiros envolvidos no transporte e diversos bloqueios de tráfego nas localidades por onde passam.

Esse tipo de operação não é simples. Exige um planejamento milimétrico e a execução perfeita de cada etapa. Qualquer erro de cálculo ou de manobra poderia ter danificado o casco da embarcação (avaliada em mais de 200 milhões de dólares) ou, pior ainda, ter colocado em risco a segurança das pessoas. A épica odisseia do Project 714, nome de produção dado ao iate de Stroll, foi registrada em vídeo para o canal Dutch Yachting.

Alguns trechos do transporte foram especialmente tensos, como a passagem por uma das pontes levadiças de Alphen, em que sobravam apenas alguns centímetros de margem para que o casco do superiate não raspasse os pilares. As curvas apertadas nos canais, lembrando as sinuosidades de um circuito de F1, também adicionaram tensão à hipnotizante travessia rumo ao mar aberto.

Quando nem o dinheiro consegue abrir caminho

O Project 714 não é o primeiro e nem será o último superiate a realizar essa travessia, mas sua complexidade atinge outro nível quando se trata de embarcações de grandes dimensões, como é o caso do pedido feito pelo dono da equipe de Fórmula 1 da Aston Martin, cujo patrimônio é estimado em 3,8 bilhões de dólares, segundo a Forbes.

A travessia do Koru, de Jeff Bezos, desde os estaleiros da Oceanco em Alblasserdam, também foi um grande desafio rumo ao mar aberto por canais semelhantes aos que o superiate de Stroll teve que percorrer.

Naquela ocasião, o construtor neerlandês enfrentou um problema sério: uma ponte levadiça histórica construída em 1927 não era alta o suficiente para permitir a passagem dos mastros de 70 metros do Koru por baixo de sua estrutura. Por isso, a construtora chegou a propor o desmonte temporário da ponte para que o veleiro pudesse atravessá-la.

Segundo o veículo local Trouw, a oposição dos moradores levou a prefeitura a negar o pedido, o que obrigou a construtora a realizar a travessia sem os mastros, para então completar a construção do Koru nos estaleiros que a empresa mantém em Greenport.

Uma mansão flutuante

O AD registrou algumas das reações dos moradores de Alphen que se aproximaram para ver o Project 714 deslizar pelas águas de seus estreitos canais. “Isso é impressionante”, “Não é normal”, “Quanto mais perto, mais impressionante” e “Estamos em primeira classe” foram alguns dos comentários provocados pela imponente massa de aço e alumínio que desfilava diante deles.

O luxuoso iate foi projetado para ser uma mansão flutuante voltada ao lazer e conta com cinco conveses, um beach club com piscina na popa, um convés de proa afilado que poderia facilmente abrigar um heliponto e pisos de madeira em todos os andares. Como ainda está em fase de fabricação, a Feadship não divulga muitos detalhes sobre o equipamento interno e os acabamentos, algo que será definido após a conclusão dos testes de navegação que estão em andamento.

O que já foi divulgado é que o iate conta com um sistema de propulsão híbrido diesel-elétrico mais eficiente, que reduz a vibração e melhora o conforto a bordo.

Imagem | Feadship, Aston Martin F1

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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