Poucos sabem, mas Salvador Dali era tão fascinado por Hitler que foi que expulso do movimento que ajudou a criar

Interesse recorrente pelo ditador nazista e apoio a regimes autoritários isolaram o artista dentro do próprio movimento

Salvador Dali. Créditos: ShutterStock
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Na Europa do século 20, enquanto o nazismo avançava com violência e perseguição, artistas e intelectuais reagiam com oposição ao governo de Adolf Hitler. O movimento surrealista, nascido em Paris após a Primeira Guerra Mundial, não fugiu à regra. Pelo contrário: o movimento artístico ficou conhecido como revolucionário por fazer o antiautoritarismo uma de suas marcas. Ainda assim, um dos nomes mais conhecidos do surrealismo, seguiu contra esse princípio e pagou caro por isso. Salvador Dalí, artista conhecido pelo estilo excêntrico e obras oníricas, era fascinado por Adolf Hitler, o líder do Partido Nazista responsável pela morte de milhares de pessoas durante o holocausto.

O fascínio de Dali com o nazismo o isolou do surrealismo

Se tem uma coisa que Dalí sabia fazer, essa coisa era chamar atenção, seja pelas telas oníricas deslocadas da realidade ou pelas declarações provocativas. No entanto, uma das suas características mais surpreendentes foi o interesse fora do comum de Dali por Hitler, o ditador responsável pela morte de seis milhões de pessoas, incluindo judeus, pessoas com deficiência, ciganos, opositores políticos e prisioneiros de guerra. 

Em 1938, por exemplo, Dali apresentou “O Enigma de Hitler”, uma pintura que mostra uma pequena fotografia de Hitler em um prato vazio, cercado por símbolos difíceis de decifrar. Na época, a obra não foi vista como crítica clara, mas representou um flerte perigoso entre o artista e o ditador.

Quadro "O Enigma de Hitler, 1938" / Crédito: Salvador Dalí "O Enigma de Hitler" / Crédito: Salvador Dalí

Dalí também demonstrava simpatia pelo regime do ditador Francisco Franco, durante a Guerra Civil Espanhola, o que enfraqueceu a relação do pintor com seus colegas artistas. André Breton, líder do movimento surrealista, acusou publicamente o pintor de legitimar um fenômeno político irracional e destrutivo. Dalí tentou se defender afirmando não ser “hitlerista, nem de fato nem de intenção”, mas a explicação não convenceu. como resultado, ele foi expulso da Comunidade Surrealista Internacional. Daí em diante, muitos surrealistas passaram a tratar Dalí como alguém que já não existia artisticamente.

Pinturas e falas de Dali alimentaram as suspeitas sobre seu fascínio pelo ditador nazista

A polêmica envolvendo Dali não terminou após o exílio artístico. Já vivendo nos Estados Unidos, Dalí continuou retornando à figura de Hitler em sua obra. Em 1958, produziu “A metamorfose do rosto de Hitler em uma paisagem enluarada com acompanhamento”, um quadro que revela, quando girada, traços do nariz e do bigode do ditador. Sobre o tema, o artista fez uma declaração que chocou ainda mais: disse que sonhava com Hitler “como outros homens sonham com mulheres”.

Outras obras, como “Hitler Masturbating”, criada em 1973, aumentaram ainda mais o desconforto do público com o pintor. Por um lado, achavam que Dalí estaria expressando desejos inconscientes por meio do simbolismo surrealista, por outro, revelando uma atração por uma ideologia violenta. Até hoje, não ficou exatamente claro o que Dali queria dizer com esses quadros, mas não se pode negar que o pintor era fascinado pela figura de Hitler.  

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