Fabrício Mainenti
RedatorEmbora alguns grandes nomes da indústria do ciclismo tenham enfrentado dificuldades nos últimos meses, esta é uma notícia muito lamentável para a maior e mais histórica fabricante de bicicletas: a Giant. Juntamente com a Merida, ela produz o maior número de bicicletas do mundo, e a Giant não para por aí, já que a empresa taiwanesa também fabrica peças e bicicletas sob licença para outras marcas.
Esta gigante industrial, no entanto, acaba de sofrer um duro golpe com o governo Trump, que decidiu ordenar que todas as autoridades alfandegárias do país bloqueiem a entrada de bicicletas e peças Giant fabricadas em Taiwan. A empresa também produz em outras regiões do mundo (China, Europa, Vietnã, etc.), mas é este local específico que se tornou o alvo da investigação.
Bicicletas Giant e Trabalho Forçado?
De acordo com dados obtidos por investigadores americanos, a Giant é suspeita de trabalho "forçado" em suas fábricas taiwanesas. O caso cita, notavelmente, horas extras excessivas, condições de vida severas, deduções salariais, abuso de poder e até mesmo servidão por dívida, que é, supostamente, a forma mais comum de trabalho forçado no mundo.
A Giant foi rápida em responder:
“O Grupo Giant continua comprometido em proteger os direitos dos trabalhadores por meio de ações concretas e garantir um desenvolvimento transparente, justo e sustentável. O Grupo fornecerá atualizações regulares e manterá uma comunicação aberta com seus stakeholders globais para promover um ambiente industrial responsável e resiliente.”
Obviamente, o bloqueio afeta tanto as bicicletas convencionais quanto as elétricas.
Quais são as consequências para o mundo do ciclismo?
A Giant afirma que o mercado americano representa apenas 9% de sua receita anual, mas também vale lembrar que a Giant produz para muitas outras grandes marcas de ciclismo, como a Trek. O golpe do governo Trump é, portanto, um pouco maior do que isso, provavelmente, mesmo que seja apenas um bloqueio temporário nas fronteiras dos EUA, por enquanto. Para o resto do mundo, incluindo a Europa, a Giant pode continuar exportando livremente suas bicicletas e componentes.
Mas será interessante observar as consequências do caso: se o trabalho forçado for confirmado, como as autoridades europeias reagirão, visto que já decidiram adotar uma postura mais dura contra os fabricantes chineses de veículos elétricos?
Porque os investigadores estão enfatizando um elemento crucial, que justamente levou às altas tarifas na Europa sobre carros chineses: segundo os americanos, condições de trabalho e emprego forçados permitem que a Giant venda suas bicicletas a preços vantajosos, "resultando em milhões de dólares em lucros obtidos de forma injusta". E é esse ponto preciso que pode alertar as autoridades europeias, dependendo do desfecho do caso.
Imagem de capa | Alfândega dos EUA
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