A China acaba de estrear uma arma capaz de mudar as regras da guerra: um porta-aviões voador que pode lançar 100 drones kamikaze

Está claro que as guerras do futuro não se parecerão em nada com o que eram

Jiu Tian / Imagem: CGTN, @China_Fact
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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A China acaba de dar um salto tecnológico sem precedentes no campo militar com a estreia do Jiu Tian, o maior portador de drones do mundo. Essa espécie de “porta‑aviões voador” é uma gigantesca nave-mãe não tripulada, projetada para transportar e lançar até cem drones kamikaze em voo coordenado.

Esse avanço marca uma distância enorme em relação à década passada, quando Pequim ainda dependia de modelos herdados ou copiados. Hoje, o Jiu Tian simboliza uma mudança de era: mais do que um novo avião, é uma plataforma aérea que antecipa como serão as guerras do futuro, com enxames de drones capazes de saturar qualquer defesa por meio de inteligência artificial e ataques massivos em rede.

O Jiu Tian: um porta‑aviões voador para a guerra do futuro

O Jiu Tian, cujo nome significa “Nove Céus”, não é um avião convencional, mas sim uma gigantesca nave-mãe não tripulada. Com 16 toneladas de peso, 7.000 km de autonomia e capacidade de atingir 15.000 metros de altitude, pode transportar até 100 drones kamikaze de cerca de 50 kg cada, prontos para serem lançados em enxame contra alvos inimigos.

Desenvolvido inteiramente na China pela estatal AVIC e construído em Xi’an, não tem equivalente em nenhum outro exército do mundo. Os EUA dispõem de plataformas aéreas que transportam UAVs (sigla em inglês para ‘veículo aéreo não tripulado’), mas nenhuma com essa capacidade de ataque autônomo e massivo.

A proposta do Jiu Tian lembra um ataque DDoS na Internet (Distributed Denial of Service, um tipo de ciberataque que consiste em saturar um sistema com milhares de solicitações até colapsá‑lo): vence‑se pelo número mais do que pela potência. Um sistema antiaéreo pode derrubar dezenas de drones, mas deter 100 deles lançados ao mesmo tempo é quase impossível.

“O que realmente me tira o sono são os enxames”, reconheceu o coronel Andrew Konicki, do Comando de Sistemas do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, à Defense News. A chave está na coordenação por meio de inteligência artificial, que permite aos drones desviar de defesas, se adaptar em tempo real e manter a eficácia do ataque mesmo com perdas no enxame.

Mais do que uma arma, uma declaração de intenções

O Jiu Tian não busca apenas a superioridade militar. Sua exibição pública também tem um forte caráter propagandístico. “As demonstrações de sistemas de armas avançadas por parte da China podem gerar expectativa e dissuasão mesmo quando as capacidades reais permanecem sem confirmação”, explica Elsa Kania, pesquisadora do Center for a New American Security.

O objetivo é mostrar músculo tecnológico, promover sua indústria de defesa (vale lembrar que a China é a maior exportadora de drones militares do mundo) e, de quebra, enviar uma mensagem a Washington e seus aliados em meio à tensão em torno de Taiwan.

O salto é evidente: de importar projetos alheios para criar um portador de drones que nenhum outro país possui. Com o Jiu Tian, a China não compete mais em terreno conhecido, mas abre a porta para um futuro em que as guerras serão travadas com enxames de máquinas autônomas capazes de saturar qualquer defesa.

Sua velocidade de 700 km/h, seu alcance intercontinental e sua capacidade modular (que também poderia ser aproveitada em missões humanitárias ou de resgate) o tornam uma plataforma sem precedentes.

Ainda assim, a eficácia real de uma nave tão grande e visível em um cenário bélico permanece incerta e, por enquanto, o Jiu Tian é tanto um marco tecnológico quanto uma poderosa ferramenta de propaganda.

Imagens | CGTN, @China_Fact

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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