Na quarta-feira, a China National Space Administration (CNSA) precisou admitir algo que nenhum programa espacial gosta de anunciar: o retorno da Shenzhou-20 foi adiado por tempo indeterminado. A razão? Suspeita de que a nave sofreu danos após o impacto de detritos orbitais — aqueles fragmentos de metal, tinta, gelo e sucata espacial que transformam a órbita baixa da Terra num campo minado invisível.
A Shenzhou-20 deveria ter voltado no dia 5 de novembro, encerrando seis meses de trabalhos na estação Tiangong com um pouso de paraquedas na Mongólia Interior. A missão incluía até caminhadas espaciais para instalar novos escudos de proteção — se tornando uma grande ironia espacial. A troca de equipes já tinha acontecido: a Shenzhou-21 chegou na semana passada, os rituais foram televisionados, e o comandante Chen Dong chegou a entregar simbolicamente a “chave do módulo” para a nova tripulação: “Estamos prestes a retornar à Terra, e agora entrego a vocês o símbolo da operação desta estação”, disse ele (via Jalopnik).
Só que esse retorno pode demorar. O cenário lembra, inevitavelmente, o pior episódio da história recente da exploração espacial: o desastre do Columbia, em 2003. Um simples pedaço de espuma atingiu a asa do ônibus espacial a mais de 680 km/h, arrancou parte do escudo térmico e condenou os sete astronautas durante a reentrada. A tragédia paralisou o programa por dois anos e redefiniu protocolos de segurança.
E não é só a China enfrentando turbulências. Em 2024, a NASA viveu seu próprio pesadelo com o Boeing Starliner: falhas nos propulsores, perda de controle na aproximação à ISS e, no fim, a decisão de mandar a nave de volta sem ninguém a bordo enquanto outro voo da SpaceX resgatava os astronautas.
Agora, os três astronautas chineses seguem esperando pacientemente enquanto engenheiros tentam responder a pergunta mais antiga da exploração espacial: é seguro voltar para casa?
Crédito de imagem: News Service/YouTube
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