Estamos começando a descobrir o efeito dos microplásticos em nossos corpos graças à coisa mais inesperada: a água da torneira

Todas as águas contêm microplásticos, mas nem todas contêm os mesmos microplásticos, e isso está se mostrando fundamental

Imagem | Noppadon Manadee | engin akyurt
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

O calor chega e, com ele, a sede. Em média, segundo algumas estimativas públicas, o consumo doméstico cresce até 44%. Mas esses dados são incompletos porque grande parte da água que bebemos vem em garrafas.

No Brasil, por exemplo, segundo dados da consultoria internacional Beverage Marketing Corporation, o consumo de água mineral é de mais de 21 bilhões de litros anualmente. Isso significa que somos o quinto maior mercado de água engarrafada do mundo, com um consumo per capita estimado de mais de 105 litros por ano, segundo o IBGE.

O que tendemos a esquecer é que esse tipo de produto tem consequências: aumenta nossa pressão arterial.

Como? O que faz o quê?

Pode-se pensar que beber água eleva a pressão arterial em relação ao normal. Afinal, a pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias. Se houver mais fluido no sistema ou mais sal, deveria haver mais pressão...

Mas não. Embora, obviamente, em casos extremos e, claro, as condições e composições específicas alterem a pressão dentro de uma faixa, o sistema possui dezenas de mecanismos para garantir que a pressão arterial de um ser humano normal seja a que deveria ser.

E então?

Foi isso que cientistas da Universidade do Danúbio se perguntaram quando, no meio de um pequeno ensaio clínico, descobriram que o mesmo não se aplicava à água engarrafada.

A equipe austríaca descobriu que, ao manter oito pessoas saudáveis ​​(de ambos os sexos) em um "regime hídrico" apenas com água da torneira, sua pressão arterial diastólica basal caiu. Aconteceu em homens e mulheres, mas nestas últimas o efeito foi muito mais marcante.

Por quê?

No momento, temos apenas hipóteses, mas as mais sólidas são os ftalatos (substâncias químicas que tornam o plástico mais flexível e durável). E, sinceramente, é bastante interessante: porque, embora toda a água que consumimos atualmente contenha microplásticos e substâncias complexas, a verdade é que elas não contêm as mesmas coisas.

E isso é uma notícia excepcionalmente boa, porque nos permite melhorar nossa compreensão do que os microplásticos fazem aos nossos corpos.

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