A Huawei tomou nota e conseguiu convencer os desenvolvedores em seu país natal
A Huawei e a China já têm seu ecossistema dos sonhos: HarmonyOS Next é a nova versão do sistema operacional da empresa chinesa, que foi separada do Android e certificada como uma plataforma 100% autodesenvolvida. O movimento é um marco para a nação do Leste Asiático, agora enfrenta seu lançamento público com um primeiro beta disponível há alguns dias.
No entanto, ao se livrar dos componentes básicos do Android, ele perdeu a compatibilidade com aplicativos que estavam em desenvolvimento há anos. Agora, a Huawei capturou a atenção de usuários e desenvolvedores em seu país e começará a nova era acompanhada de aplicativos de todos os tipos. Com isso, há novos precedentes para novas plataformas que acabam no esquecimento, como já aconteceu com a Microsoft no mercado móvel.
HarmonyOS Next começa com uma vantagem
Os sistemas operacionais móveis têm uma grande dependência de aplicativos, não surpreendentemente, comprar um telefone celular que não tenha WhatsApp é impensável hoje, por exemplo. Nesse sentido, a Huawei e seu OS têm uma vantagem, que existe por um motivo inusitado.
No atual confronto tecnológico-comercial entre China e Estados Unidos, o país que abriga a Huawei fez um esforço significativo para parar de depender de tecnologia estrangeira. O caso da indústria de chips é um reflexo do que aconteceu no software: a China busca autossuficiência tecnológica, e as tensões geopolíticas só alimentaram esses esforços.
Sabendo que os aplicativos mais usados na China vêm de empresas locais, não é realmente surpreendente que todas tenham oferecido suporte ao novo ecossistema da Huawei. A fabricante chinesa é a resistência aos vetos americanos e conseguiu fabricar um celular que os desafia, incluindo a conectividade 5G, que era suposta impossível.
Essas são razões mais do que suficientes para que empresas como Alibaba, Tencent, JD e muitas outras apostem no HarmonyOS Next desde seu lançamento. Também colaborou o boom de vendas da Huawei, o que é claro, já que não é pouca coisa superar o iOS em número de usuários.
Também não é pouca coisa ser o primeiro fabricante a lançar um dobrável triplo. Em essência, há vários fatores que catapultam o HarmonyOS Next e oferecem a ele um sucesso de curto prazo, pelo menos em seu país de origem. Outra questão será sua futura expansão no resto do mundo, veremos como a Huawei se sai no devido tempo.
Uma boa base de aplicativos garante a atenção dos usuários
No caso da China, ter o HarmonyOS Next lançando aplicativos essenciais garante que, no mínimo, capture a atenção dos usuários. De forma alguma eles considerariam mudar para um sistema que não oferece o aplicativo de pagamento que eles usam todos os dias, assim como aqui não pensaríamos em comprar um celular que não funcione com WhatsApp ou, por exemplo, Google Maps.
Agora, quais aplicativos são preparados para o sistema da Huawei? Uma das ferramentas básicas em um sistema operacional é o pacote Office. Você sabe qual é o pacote de escritório chinês por excelência? WPS Office, que começou um teste beta para o HarmonyOS.
Convite para versão de teste do WeChat para o HarmonyOS Next
O mesmo pode ser dito do WeChat, um dos 'superapps' da China que reúne serviços como pagamentos, mensagens e muito mais. Ele também tem a gigante Tencent por trás, que está distribuindo uma versão de testes. O Alipay, principal alternativa de pagamento móvel, desenvolve seu aplicativo há quase um ano.
E nem só de aplicativos vive um sistema operacional: os videogames estão se tornando cada vez mais importantes, ainda mais na China, uma das potências em relação aos jogos para celular. O PUBG Mobile, por exemplo, um dos pesos pesados, entrou no novo ecossistema da Huawei.
O ecossistema da Huawei começa com muitos aplicativos básicos e visa ir além do celular
A presença da Huawei no ChinaJoy, evento de videogames, não foi coincidência: o HarmonyOS Next deve estar na boca do povo, e foi daí que a marca aproveitou para anunciar a compatibilidade com mais de 40 novos títulos. Este é só o começo, mas não há dúvidas de que o apoio é avassalador das grandes empresas.
É assim que se sustenta uma plataforma que rompe com a anterior, e sem que saibamos qual é o destino do HarmonyOS Next, podemos dizer com segurança que ele começa com o pé direito. Pelo menos se compararmos com o que aconteceu no passado com protagonistas como Windows Phone, Symbian ou Tizen.
Imagem da capa | Composição com imagens de Ricardo Aguilar para Xataka e Free Malaysia Today
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