Saber com antecedência que um terremoto está para acontecer é crucial para salvar o maior número de vidas possível. Isso permite que você saia de construções com risco de colapsar, encontre um abrigo seguro, ou pelo menos se prepare para evacuar a área e não deixe nada e ninguém para trás. O problema é que as análises sísmicas só conseguem chegar ao público em cima da hora. Mas a Google está caminhando para mudar isso. A gigante da tecnologia tem feito testes para detecção de terremotos com celulares Android e cabos submarinos de internet.
Celulares Android como sismógrafos
O desenvolvimento desse projeto começou em 2020 e foi implementado em 2021. Utilizando os acelerômetros presentes nos celulares (sensores que detectam movimentação dos aparelhos), é possível perceber os tremores que podem se transformar em desastres. O sistema da Google analisa dados de mais de 2 bilhões de aparelhos Android para confirmar se o abalo sísmico realmente está para acontecer e envia uma notificação para todos os celulares Android. Nem todos os aparelhos têm os acelerômetros monitorados: apenas aqueles que optaram por baixar o aplicativo Android Earthquake Alerts são considerados.
O volume de dados é importante pois os acelerômetros dos telefones não são tão precisos quanto os sismógrafos profissionais e poderiam dar falso positivo. Em fevereiro de 2025, usuários de telefones Android no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo tomaram um susto de madrugada ao receberem uma notificação de risco de terremotos. Depois, a Google comunicou que o sistema foi desativado no Brasil para que pudessem investigar o que causou o alarme. É importante salientar que essa mensagem não tem ligação com os alertas climáticos enviados pelas defesas civis de cada estado.
Em um artigo na revista Science, Angela Hessler, editora da publicação, afirma que mais de 11 mil notificações foram enviadas em quatro anos de monitoramento. “Alertas foram emitidos em 98 países para terremotos com magnitude maior ou igual a 4,5, correspondendo aproximadamente a 60 eventos e 18 milhões de alertas por mês. O feedback do usuário mostra que 85% das pessoas que receberam um alerta sentiram tremores, e 36, 28 e 23% receberam o alerta antes, durante e depois do tremor, respectivamente”, explicou.
Cabos submarinos também podem detectar movimentações
Outra iniciativa da Google para detectar os abalos sísmicos conta com a precisão dos cabos ópticos no fundo do oceano usados para interligar os países na internet. Os sensores nas pontas de cada cabo detectam distorções causadas pelos terremotos nos pulsos de luz transmitidos pelos cabos para perceber tremores que possam gerar tragédias a até 2000 quilômetros de distância. O monitoramento dos pulsos de luz começou em 2019, e em 2020 já conseguiram detectar um terremoto de magnitude 7,7 na costa da Jamaica, a 1.500 quilômetros do cabo mais próximo, cinco minutos antes de ele ocorrer.
Como funcionam as notificações enviadas pelo AEA

O sistema de detecção tem dois tipos de notificações: uma para tremores mais fortes e outra para os mais fracos. No primeiro caso, a tela do celular é toda tomada com um alerta e instruções para que a pessoa se proteja. Chamado de “Alerta de ação” ele é enviado para usuários que estejam nas áreas onde haverá um tremor de intensidade 5 ou mais na Escala de Intensidade Mercalli Modificada (MMI) durante um terremoto de magnitude 4,5 ou maior na escala Richter. A mensagem irá ignorar o modo Não Perturbe do aparelho, ligar a sua tela e produzir um som alto para chamar a sua atenção.

Já a notificação “Esteja atento e alerta” é enviada para quem estiver na área que sofrerá tremores de intensidade 3 a 4 na escala MMI e durante um terremoto de magnitude 4,5 na escala Richter ou maior. Essa mensagem irá respeitar as configurações de volume, notificação e o modo Não Perturbe do seu aparelho. Em ambos os casos, ao abrir a notificação, você encontrará informações de segurança que podem ajudar durante e após um terremoto.

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