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CEO da AWS dá ultimato sobre volta ao escritório da Amazon: "se não quiser voltar ao escritório pode trabalhar em outras empresas"

  • Mark Garman afirma que o teletrabalho não se encaixa na filosofia de liderança da Amazon

  • Em uma reunião com a equipe da AWS, Garman convidou os funcionários a se demitirem caso não se sintam confortáveis com a nova política

Amazon exige volta dos trabalhadores ao escritório
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O retorno ao escritório tem sido um foco de tensões entre a direção da Amazon e seus funcionários. O descontentamento entre os empregados da empresa aumentou após o comunicado do CEO Andy Jassy em setembro, no qual anunciava que todos deverão ir aos escritórios cinco dias por semana a partir de janeiro de 2025.

Matt Garman, CEO da Amazon Web Services, não ajudou a acalmar os ânimos de seus empregados quando, em uma reunião com sua equipe na segunda sede de Arlington, lembrou que, caso não se sintam confortáveis com a decisão da empresa, podem procurar emprego em outro lugar. "Se há pessoas que simplesmente não trabalham bem nesse ambiente, ou não querem fazer isso, tudo bem. Há outras empresas por aí", declarou Garman. Não é a primeira vez que um CEO da Amazon se pronuncia dessa forma.

A equipe está com Garman

De acordo com uma transcrição da reunião interna da AWS, à qual a Reuters teve acesso, o CEO da divisão de serviços em nuvem da Amazon afirmou que nove em cada 10 trabalhadores com os quais conversou apoiavam a nova política de retorno ao escritório, que entrará em vigor em janeiro de 2025, e convidava os que não pudessem ou não quisessem cumprir com o mandato a se demitirem.

Seu discurso não passou despercebido e, para alguns empregados da Amazon, essa postura representa uma desconexão entre a direção da empresa e seus colaboradores. Uma pesquisa realizada poucos dias após o anúncio da nova política de retorno ao escritório revelou que o sentimento da equipe era bem diferente do descrito por Garman, com 73% dos entrevistados considerando a possibilidade de deixar o trabalho.

O trabalho remoto é contra os “princípios de liderança”

De acordo com fontes da Reuters, Garman teria enfatizado que, sob o modelo híbrido de trabalho atual da Amazon, com três dias de presença no escritório, "realmente não conseguimos nada, como se não pudéssemos trabalhar juntos e aprender uns com os outros. Na Amazon, queremos estar em um ambiente onde trabalhamos juntos, e acreditamos que esse ambiente colaborativo é incrivelmente importante para nossa inovação e nossa cultura", afirmou o executivo.

Para Garman, um dos principais problemas do teletrabalho é a dificuldade de cumprir com os princípios de liderança da Amazon, que determinam como a empresa deve operar. "Você não pode interiorizá-los lendo-os no site, realmente precisa vivenciá-los dia após dia", explicou Garman aos empregados durante a reunião.

Não se pode discutir por videoconferência

Outro motivo pelo qual Mark Garman é favorável ao retorno ao escritório é que, entre os princípios de liderança da Amazon, está o de "discordar e comprometer-se".

De acordo com as informações publicadas pela Reuters, Garman teria afirmado que essa filosofia não pode ser desenvolvida de maneira eficiente com equipes trabalhando remotamente. "Não sei se vocês já tentaram discordar por uma chamada do Chime. É muito difícil", disse o CEO, referindo-se ao software de mensagens interno da empresa. Na opinião dele, essas discussões e acordos são mais eficazes quando feitos pessoalmente, permitindo que os funcionários desenvolvam e exponham suas ideias, como está descrito no ideário da Amazon escrito por Jeff Bezos.

O teletrabalho e a produtividade: um dilema aberto

O caso do retorno ao escritório na Amazon está inserido em um debate mais amplo sobre a produtividade e o bem-estar dos empregados. Grandes empresas tecnológicas, como Amazon, Google, Dell e até mesmo Zoom, impuseram o retorno ao escritório como uma forma de manter a coesão das equipes e impulsionar a produtividade e a inovação na empresa. De acordo com um estudo da consultoria Gartner, essa decisão pode ter um custo para essas empresas, com a fuga de talentos causada pelo endurecimento das regras quanto ao trabalho presencial.

Outras empresas, como Microsoft e Spotify, apostaram em oferecer maior flexibilidade para suas equipes, com o objetivo de reter talentos ou atrair aqueles que saíram de outras empresas, vinculando sua permanência no trabalho remoto à manutenção dos níveis de produtividade.

Imagem | AWS, Unsplash (Siena Nisavic)

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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