A onda dos carros elétricos não para de crescer e um dos maiores argumentos para eles é, claro, sua contribuição para o meio ambiente, já que não precisam queimar combustíveis para funcionar. No entanto, será mesmo verdade que um carro elétrico é “mais verde” que um a combustão?
Para responder essa pergunta, a Wired conversou com Professor Willett Kempton, pesquisador e professor renomado da Universidade de Delaware, conhecido principalmente por ser um dos responsáveis pelo conceito de “vehicle-to-grid” (V2G), uma tecnologia que permite que carros elétricos forneçam ou devolvam energia para a rede elétrica. Kempton explicou o conceito de “carro verde” desde a fabricação de cada carro, comparando materiais usados para carros tradicionais, com motores a combustão e os modelos mais modernos, elétricos. A resposta sincera pode surpreender algumas pessoas.
Carros elétricos são verdadeiramente mais sustentáveis?
“Você considera dois fatores na questão da sustentabilidade: o primeiro é a mineração, os materiais, a fabricação, tudo o que envolve a produção do carro. E então, o que diz sobre o consumo de combustível e a poluição causada pelo uso do combustível”, Kempton começa a responder. “Se você está usando eletricidade, provavelmente há algumas emissões na geração dessa eletricidade”.
E então vem uma parte surpreendente: “Quando você tira seu carro elétrico novo da concessionária, ele é menos ecológico do que um carro a gasolina novo que você teria comprado e acabado de tirar da concessionária. Há mais materiais envolvidos, mais peso, e alguns desses materiais possuem grandes impactos ambientais. Então, na verdade, o custo ambiental incorporado do carro é um pouco maior, não muito, mas talvez cerca de 30%. Algo assim”.
Essa informação não é algo que todos sabem, mas o professor explica de maneira prática: o carro elétrico precisa de muitos materiais para ser fabricado — e materiais que, para serem removidos da natureza, podem gerar poluição antes mesmo do carro andar. No entanto, a coisa muda de figura com o uso que o carro tem, como o professor explica no final da resposta: “Se você está usando gasolina ou diesel, obviamente há emissões diretamente do veículo. Isso é muito mais sujo, então ao longo do tempo usando o carro, talvez já em dois anos após a compra, você já está em vantagem, e durante toda a vida útil de um veículo — um carro típico nos EUA dura cerca de 12 anos — ele é muito mais sustentável para o meio ambiente”.
Em resumo, carros elétricos exigem mais energia e recursos para serem fabricados, incluindo mineração, baterias pesadas e materiais adicionais. Isso os torna cerca de 30% menos ecológicos do que carros a gasolina no momento da compra. Após cerca de dois anos, eles se igualam, e ao longo de 12 anos — que é a vida média de um carro nos EUA (e também no Brasil) —, tornam-se muito mais ambientalmente amigáveis.
Essa resposta, no entanto, leva em consideração a realidade dos Estados Unidos. No Brasil, onde um carro pode ser flex e rodar com etanol (ou mesmo com gasolina, já que esse combustível no Brasil também possui etanol na mistura), ou até mesmo os veículos a diesel daqui (que possuem biodiesel na fórmula do óleo), acabam tendo impacto menor na poluição de gases do que os carros movidos a combustão dos Estados Unidos. Mesmo assim, de maneira geral, a explicação do professor também serve para os carros brasileiros, já que mesmo poluindo menos, a combustão dos motores ainda polui mais do que a energia elétrica.
Crédito de imagem: Xataka Brasil via ChatGPT
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