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Gráfico de países com baixa taxa de natalidade mostra dados alarmantes

Coreia do Sul e Taiwan enfrentam sérios problemas, mas países como China, Japão e Espanha não estão muito melhores

Visual Capitalist
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Somos cerca de 8 bilhões de humanos e, em 2080, o número chegará a 10,3 bilhões. O problema é que, mesmo com mais gente na Terra, nem todos os territórios crescerão de forma homogênea, e já há quem diga que o verdadeiro desafio do século 21 é o demográfico. Em países como Espanha, Reino Unido ou, em casos mais dramáticos, a Coreia do Sul, há sérias dúvidas sobre como uma geração que não se renova será capaz de atender às necessidades de uma população cada vez mais envelhecida.

E esse problema demográfico pode ser observado no gráfico elaborado pelo Visual Capitalist:

Gráfico Visual Capitalist

No gráfico, são apresentados os países com as menores taxas de fecundidade em 2024, com base nos dados coletados pela Statista. Assim, podemos ver que, na Ásia, há um verdadeiro problema demográfico, com Taiwan liderando a lista pelo lado negativo, acompanhado do já mencionado caso da Coreia do Sul e de Singapura. Hong Kong e Macau estão empatados com a Ucrânia, com 1,2 filho por mulher em idade fértil, e a Espanha não fica muito atrás, com 1,3.

Entre outros países, temos Itália, Polônia, Japão, Grécia, Porto Rico e Costa Rica com taxas de fecundidade inferiores a 2,1 filhos por mulher. Essa é considerada a taxa "ideal", pois é a que garante a taxa de reposição. Essa taxa pressupõe que não há migração e que a taxa de mortalidade é estável, sendo adequada para substituir ambos os pais quando estes falecem.

Queda livre

Atualmente, a média mundial é de 2,3 filhos por mulher, um número bem distante da média de cinco nascimentos por mulher em idade fértil registrada em 1950. A expressão "mulher em idade fértil" refere-se às mulheres entre 15 e 45 anos, que é o indicador utilizado para gerar este gráfico.

Essa situação está causando um cenário em que, enquanto países da Ásia Central, Meridional e Sudeste Asiático, assim como da América Latina e América do Norte, devem continuar a crescer em população até 2100, em outros territórios, como a Europa, prevê-se uma redução populacional de 7% até 2050.

Com asterisco

No entanto, é importante considerar que existem diferentes indicadores utilizados para realizar essas estimativas demográficas. Um deles é a taxa bruta de natalidade, que mede os nascimentos por 1.000 habitantes. Outro é a taxa global de fecundidade, que calcula a média de nascimentos por mulher em idade fértil (entre 15 e 45 anos), considerando que ela viva até o final desse período e siga as tendências médias por faixa etária.

É por isso que, dependendo do indicador considerado, podemos encontrar cenários mais ou menos dramáticos. Por exemplo, a Coreia do Sul apresenta taxas brutas de natalidade significativamente mais baixas do que as taxas de fecundidade, estando atualmente em 0,72 filho por mulher, a menor taxa de natalidade do mundo. E, levando tudo isso em conta, os dados são baseados em estimativas.

Brasil

No Brasil, os dados mais recentes do IBGE são referentes a 2022, quando o país teve a quarta queda consecutiva na sua taxa de natalidade, registrando apenas 2,54 milhões de nascimentos, o menor índice desde 1977. A taxa de fecundidade está em 1,57 filho por mulher, o que também representa queda (em 2000, cada mulher tinha média de 2,32 filhos).

O IBGE projeta que a população brasileira pode começar a diminuir após atingir o seu máximo em 2042. Isso porque a taxa de crescimento populacional, estimada em 0,4% para 2024, deve cair gradativamente. Isso tem relação direta com a queda na taxa de fecundidade.

Casos dramáticos

Há países em que a situação é bem grave. A Ucrânia, por exemplo, enfrenta uma crise demográfica que começou há três décadas, mas se agravou desde a invasão russa: o país perdeu 10 milhões de habitantes desde então. Temos também a China, onde há mais animais de estimação do que crianças, e onde diferentes medidas estão sendo implementadas para tentar intervir nas decisões das mulheres sobre a maternidade.

O caso mais dramático, no entanto, é o da Coreia do Sul. O país asiático está desesperado para estimular a natalidade, a ponto de implementar medidas como o supercheque bebê de 70 mil euros, favorecer a contratação de babás estrangeiras e ainda algo que pode parecer loucura: fazer com que as meninas comecem a escola antes dos meninos. Qual é a ideia? Criar uma diferença de idade de um ano entre meninas e meninos na escola, acreditando que isso os tornaria mais atraentes entre si quando atingissem a idade para se casar. Sim, medidas desesperadas.

Resultados?

Com medidas como o supercheque, supõe-se que a natalidade aumente, já que famílias que tinham dúvidas quanto aos custos de criar um filho podem se sentir incentivadas. Na Coreia do Sul, desde abril, o país tem registrado uma sequência quase ininterrupta de aumento tanto nos casamentos quanto nos nascimentos. Em meio ao inverno demográfico, o crescimento de ambos é um bom sinal. O país passou vários meses com uma taxa anual de nascimentos positiva.

Contudo, o grande problema é que ainda é cedo para comemorar, pois esses dados podem ser apenas uma ilusão. O motivo é que esse aumento nos casamentos ocorreu nos anos posteriores à pandemia de COVID-19, quando muitas cerimônias precisaram ser adiadas. Há quem interprete essa explosão de nascimentos como resultado dessas uniões adiadas.

Seja qual for a razão, e mesmo que os indicadores não sejam totalmente precisos, é evidente que muitos países enfrentam uma grande crise demográfica. Isso levanta preocupação sobre quem sustentará sistemas como o de aposentadorias e pensões.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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