O tempo voa. PS5 e Xbox Series já beiram os cinco anos de mercado, e o Nintendo Switch 2 está logo ali. Enquanto isso, o mundo do PC segue outro ritmo: a cada ano chegam novos componentes e, com eles, preços cada vez mais exorbitantes. Um exemplo são as placas de vídeo da Nvidia, cujas RTX da série 5000 subiram de preço (e continuam subindo).
E não é só uma questão de valor, mas também de disponibilidade. Alguns mercados enfrentam tanta demanda por essas placas topo de linha que fica difícil encontrá-las. Mas o Japão parece estar lidando melhor com essa tempestade de escassez, tornando-se um país ideal para quem está de férias e quer levar uma GPU na mala. Qual foi a solução japonesa? Proibir a venda de placas de vídeo a turistas.
Por que no Japão há placas de vídeo disponíveis
Há várias explicações para essa disparidade. As GPUs de última geração são perfeitas para jogos, mas também muito procuradas para montagem de sistemas de inteligência artificial. No passado, já houve falta por causa da mineração de criptomoedas e da crise de semicondutores.
Além disso, fatores como novos impostos de importação ajudam a inflar preços em outros países, mas não no Japão. Por isso, encontrá-las lá a preços justos não é algo tão raro como em muitos mercados ocidentais.
A proibição para turistas
Alguns lojistas japoneses sabem que, onde há escassez, turistas aproveitam para comprar placas e revendê-las. Por isso, em várias lojas foram afixados cartazes avisando que certos modelos só podem ser vendidos a residentes. Em alguns estabelecimentos, nem chega a ser uma barreira de fato — apenas um elemento dissuasório —, mas outros já exigem comprovante de residência.

O objetivo não é punir quem traz uma GPU na bagagem como souvenir, mas sim impedir compras em massa para revenda, principalmente com destino à China. Devido à guerra comercial com os EUA e aos vetos a importações de chips Nvidia na China, tem sido comum visitantes irem ao Japão apenas para encher a mala de placas e voltar para revendê-las a preços superfaturados.
Preferências culturais
Outro motivo é cultural e prático: o espaço reduzido das habitações japonesas. Montar um PC completo exige torre, monitor e periféricos, enquanto um notebook cabe em qualquer lugar. Com o tamanho médio das casas do país no menor nível em 30 anos — cerca de 92 m² em média, e somente 50 m² nas grandes cidades —, muitos preferem soluções compactas.
Ainda assim, o número de jogadores de PC cresceu de 11 milhões em 2015 para 16 milhões em 2023, e empresas como a AMD têm contribuído para isso. Porém, o mercado de consoles permanece dominante — cerca de 20% do total —, impulsionado pela ânsia por portabilidade e pelo sucesso avassalador do Nintendo Switch, com mais de 35 milhões de unidades vendidas só no Japão (de um total global de 152 milhões desde o lançamento).
Em 2021, as vendas de Switch representaram mais de 78% de todos os consoles vendidos no país, e hoje os jogos mobile lideram, com aproximadamente 66% do mercado. Essas preferências por plataformas portáteis, junto à falta de espaço, ajudam a explicar por que as GPUs de alta performance não estão em falta — ou, pelo menos, não em preços inflacionados — no Japão.
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