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Uma atualização do Google Earth mostrou que a China possui uma nova base naval com seis submarinos nucleares

A revelação indica um novo nível de sofisticação na estratégia de dissuasão nuclear chinesa

Novos submarinos detectados em imagens de satélite confirmam a expansão constante da frota submarina chinesa / Imagem: Google (via AlexLuck)
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Nos últimos meses, imagens de satélite revelaram algumas das últimas construções com foco militar da China. Em outubro de 2024, foi descoberto um novo ponto de lançamento de mísseis em uma ilha estratégica. Em novembro, surgiu um misterioso barco cujas dimensões deixavam poucas dúvidas sobre seu alcance e, há algumas semanas, foi descoberto o maior centro militar do planeta. A última novidade: uma base com seis surpresas.

Uma base oculta

O ocorrido foi possível graças a uma atualização das imagens de satélite no Google Earth. O analista naval Alex Luck encontrou algo que não estava presente anteriormente: a presença de pelo menos seis submarinos nucleares na Primeira Base de Submarinos de Qingdao, na província de Shandong, China.

Localizada em um ponto estratégico com acesso direto ao Mar Amarelo, ao Mar da China Oriental e ao Mar do Japão, essa base tem sido, há anos, uma instalação de alta sensibilidade militar, mas agora pode ser observada com relativa clareza por meio de serviços públicos de mapeamento digital. Em outras palavras, a existência ativa de uma base secreta de submarinos nucleares onde, segundo o analista, vários submarinos nucleares atracados foram identificados, uma revelação que confirma não apenas a expansão constante da frota submarina chinesa, mas também sua crescente aposta em reforçar a dissuasão estratégica por meio do poder naval.

Os submarinos

As imagens do espaço mostram pelo menos seis submarinos nucleares atracados, incluindo dois da classe Type 091, dois da classe Type 093A e um não identificado, além de um submarino em dique seco que pode estar sendo desmontado.

Além disso, segundo o analista, é possível perceber um Type 092, atualmente fora de serviço e substituído pelo mais moderno Type 094. Em outras palavras, estaríamos diante de cinco submarinos de propulsão nuclear (embora com armamento convencional) e pelo menos um com capacidade balística nuclear (SSBN). A base, que até agora se manteve sob relativo sigilo, parece ser uma peça central na crescente expansão marítima da China.

Um submarino chinês Type 094 Um submarino chinês Type 094

Dissuasão em evolução

A China possui atualmente cerca de 600 ogivas nucleares, um número modesto em comparação às mais de 5.000 dos EUA, mas suficiente para desencadear um inverno nuclear global em caso de conflito. Como já mencionamos, embora Pequim mantenha uma política de “não primeiro uso” de armas nucleares, o país começou a diversificar seu arsenal estratégico, tradicionalmente dependente de plataformas terrestres e aéreas, por meio de uma expansão de sua força submarina com capacidade nuclear.

Um relatório da Nuclear Threat Initiative destaca que a Marinha do Exército Popular de Libertação (PLAN) opera tanto submarinos de propulsão nuclear quanto uma frota robusta de submarinos diesel-elétricos, sendo esta última a espinha dorsal de seu poder submarino. No entanto, o foco recente parece estar na modernização e ampliação de seu componente nuclear naval, com expectativas de que sua frota total alcance 65 unidades até 2025, segundo estimativas do governo dos Estados Unidos, e 80 até 2035.

A China não está para brincadeira

Nos últimos quinze anos, a China construiu doze submarinos de propulsão nuclear: dois Type 093 (classe SHANG I), quatro Type 093A (SHANG II) e seis Type 094 (classe JIN), estes últimos equipados com mísseis balísticos lançados de submarinos (SLBM), como o JL-2 (CSS-N-14) e o mais avançado JL-3 (CSS-N-20), representando assim a primeira dissuasão nuclear marinha verdadeiramente ambiciosa do país.

Cada submarino classe JIN pode transportar até 12 mísseis e foi mostrado publicamente durante o desfile pelo 70º aniversário da fundação da República Popular em 2019. Paralelamente, prevê-se a iminente construção do novo Type 096, que operará junto aos Type 094 durante a década de 2030, como parte desse objetivo estabelecido por Xi Jinping de fortalecer significativamente esse braço estratégico.

Não há dúvidas de que a descoberta dessa base ativa e visível por satélite é mais uma demonstração de como os limites da vigilância estratégica se diluíram na era da cartografia digital. No entanto, e além da anedota tecnológica, a descoberta ilustra o crescente papel que a dissuasão marítima terá na estratégia nuclear da China.

Com uma frota cada vez mais avançada e uma liderança decidida a projetar poder no Pacífico Ocidental, o programa submarino do PLAN representa uma dimensão crítica no novo equilíbrio geopolítico. O desafio não está apenas no número de submarinos, mas em sua tecnologia, capacidade de furtividade, autonomia e armamento estratégico. À medida que a China continua desenvolvendo sua presença sob as águas, a revelação de Qingdao serve como um lembrete de que a próxima grande disputa pela supremacia nuclear pode não ser vista da superfície, mas observada (como agora) a partir da órbita.

Imagem | Google (via AlexLuck), United States Naval Institute

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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