Elon Musk tem 26 turbinas a gás operando a 400 MW para movimentar o Grok, mas se esqueceu de um pequeno detalhe: obter as licenças

A recente polêmica de Elon Musk não tem nada a ver com foguetes, nem com seus comentários políticos nas redes sociais, mas sim com uma instalação potencialmente ilegal que pode estar colocando em risco a saúde pública dos moradores de Memphis.

A startup de inteligência artificial xAI, fundada por Elon Musk, enfrenta um possível processo federal por alimentar seu gigantesco data center em Memphis com uma usina termelétrica a gás que, segundo denunciantes, opera sem as licenças necessárias e polui o ar da região.

O epicentro do conflito é o data center Colossus, onde a xAI treina seus modelos de IA com centenas de milhares de chips Nvidia especializados. Para atender à enorme demanda energética de suas placas de vídeo, a empresa instalou dezenas de turbinas a gás natural. Agora, o Southern Environmental Law Center (SELC) ameaça processar a empresa por "violações flagrantes" da Lei do Ar Limpo dos EUA.

Fotos aéreas e câmeras térmicas

De acordo com a notificação do SELC, "no último ano, a xAI instalou e operou pelo menos 35 turbinas de combustão e outras fontes de poluição do ar nas instalações do Colossus sem nunca ter obtido as licenças de pré-construção ou de operação necessárias".

Diante da "falta de transparência da xAI e da resposta ambígua das autoridades locais", que chegaram a sugerir que as turbinas estavam "isentas de licença", o SELC contratou um fotógrafo aéreo para documentar as instalações. Em março, havia 35 turbinas em operação. Em abril, pelo menos 33 estavam em pleno funcionamento, emitindo grandes quantidades de calor.

Um terceiro voo de reconhecimento, em 15 de junho, revelou que, longe de terem sido removidas, ainda havia 26 turbinas próximas ao Colossus. Mas há algo mais: a xAI instalou três turbinas novas e maiores. A capacidade total de geração agora é de cerca de 407 megawatts, apenas 14 MW a menos do que em seu pico em março.

Autoridades estão com a xAI

No início de maio, a Câmara de Comércio da Grande Memphis emitiu um comunicado tentando acalmar os ânimos. Alegaram que as turbinas eram "temporárias" e seriam "desligadas e aposentadas" nos dois meses seguintes, assim que o data center fosse conectado à rede elétrica.

Também garantiram que cerca de metade delas permaneceria instalada para alimentar a Fase II do projeto Colossus, até que uma segunda subestação estivesse pronta. A partir desse momento, passariam a funcionar apenas como sistema de backup da rede elétrica.

Capital da asma

A questão torna-se ainda mais preocupante se levarmos em conta que Memphis já apresenta uma das piores qualidades do ar dos Estados Unidos. Em 2024, foi designada como a "capital da asma" do país devido às suas altas taxas de atendimentos de emergência e mortes relacionadas à doença.

Uma usina a gás de 400 MW tem o potencial de emitir mais de 2 mil toneladas de óxidos de nitrogênio (NOx) por ano, compostos químicos precursores do smog. À medida que empresas como xAI, OpenAI e Google correm para desenvolver os modelos de IA mais potentes, a infraestrutura necessária para sustentá-los está levando as redes elétricas ao limite e, como este caso demonstra, pode levar empresas a adotarem atalhos regulatórios com alto custo ambiental.

Imagem | Steve Jones em voo da Southwings para o SELC