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Coreia do Sul encontrou a fórmula para aumentar a natalidade: as empresas pagarem fortunas aos funcionários que toparem ter filhos

 As empresas têm oferecido aos funcionários bônus de até 72.000 dólares por filho

Coreia do Sul / Imagem: Laura Lee Moreau
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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A Coreia do Sul está há décadas mergulhada em uma das piores crises demográficas do mundo, com uma taxa de fecundidade que atingiu uma mínima histórica de 0,72 filho por mulher em 2023, uma das mais baixas do planeta. Esse número está muito abaixo do nível de reposição populacional, situado em 2,1 filhos por mulher, e evidencia um rápido envelhecimento da população, o que dificulta a sustentabilidade econômica e social do país.

Essa crise demográfica foi definida pelo presidente Yoon Suk Yeol como uma “emergência nacional”, diante do risco de queda na produtividade e de deterioração da saúde fiscal do Estado. Segundo a Bloomberg, diante de tamanho desafio demográfico e econômico, as empresas do país têm colaborado oferecendo generosos “cheques bebê” para funcionários que decidam ter filhos.

O governo da Coreia do Sul há décadas implementa as mais variadas políticas para incentivar a natalidade, visando aliviar o peso econômico das famílias. Entre elas estão subsídios diretos por filho, auxílios para moradia, licenças-paternidade remuneradas, facilidades no acesso a cuidados infantis e educação precoce mais acessível.

No entanto, apesar dessas medidas e do investimento massivo em iniciativas públicas, a taxa de natalidade na Coreia do Sul conseguiu apenas um aumento muito modesto, o que levou as autoridades a considerar reformas adicionais e a incentivar a participação do setor privado na solução do problema.

Incentivo no bolso

Diante da crescente preocupação com o impacto que a redução populacional terá na força de trabalho disponível, grandes conglomerados empresariais sul-coreanos decidiram agir por conta própria. Segundo a Bloomberg, empresas como a Booyoung oferecem bônus de até 100 milhões de wons (R$ 385 mil) por cada filho nascido, e algumas até aplicam o benefício de forma retroativa para facilitar a criação dos filhos. Não é a única: a imprensa local afirma que outras companhias também implementaram planos de bonificação e benefícios adicionais para funcionários que aumentarem suas famílias.

“Fiquei sem palavras. Era tão absurdo que nem conseguia dormir, me perguntando se era real”, confessou Hong Ki, gerente de comunicações da Booyoung, que, na época, já tinha uma filha de 3 anos. Assim, depois que Hong e sua esposa, que também trabalha na Booyoung, compreenderam a notícia, fizeram o que muitos fariam se recebessem uma fortuna para aumentar a família: tiveram outro filho para receber o bônus pelo nascimento.

A economia da Coreia depende disso

Os incentivos econômicos oferecidos pelas empresas sul-coreanas não surgem de um compromisso altruísta ou patriótico. As empresas se conscientizaram da grave crise demográfica e, consequentemente, laboral, que terão de enfrentar nos próximos anos. A Coreia do Sul se espelha em outros países com sérios problemas demográficos, como o Japão, e a imagem é a de um mercado de trabalho envelhecido, onde a escassez de mão de obra se tornou generalizada. Estima-se que, em 2050, a população com 65 anos ou mais alcance 40% do total, potencialmente a maior proporção de qualquer país do mundo.

Por outro lado, as empresas que oferecem esses incentivos tornaram-se as preferidas por profissionais que desejam formar uma família, garantindo assim a atração e retenção dos trabalhadores mais qualificados, que tendem a optar por empresas que oferecem benefícios voltados à conciliação familiar.

Um aumento animador na natalidade

Conforme noticiou a Reuters, o conjunto de medidas de estímulo implementadas pelo governo, com o apoio do setor privado, começa a mostrar seus primeiros efeitos, com um leve aumento na taxa de natalidade.

Após quase uma década de quedas constantes, a taxa de fecundidade na Coreia do Sul subiu para 0,75 filhos por mulher em 2024, marcando uma reversão da tendência descendente e representando o primeiro avanço significativo em muitos anos para reverter o histórico. No entanto, o governo alerta que a transformação cultural e social necessária para sustentar aumentos mais significativos levará tempo.

Imagem | Unsplash (Laura Lee Moreau)

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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