A China transformou seus telhados em motores solares, e em tempo recorde. Em apenas três meses, instalou mais energia fotovoltaica em telhados do que a Europa instalou em anos.
Com isso, não está apenas liderando a transição energética, mas também mudando os ritmos habituais em que ela pode ocorrer. De acordo com o último relatório da Rystad Energy, a empresa instalou 36 GW de energia solar em telhados somente no primeiro trimestre de 2025.
Isso é mais do que alguns países europeus conseguem em três anos. O jornal The Energy Newspaper resume em uma frase: a China faz tudo em grande escala.
Em números:
- 60 GW de energia solar no total durante os primeiros três meses de 2025.
- Destes, 36 GW (60%) são de telhados.
- 130 GW de energia solar distribuída são esperados ao longo de 2025.
- Grandes instalações até mesmo excederão esse número: 167 GW projetados.
O contexto
A China está encerrando seu 14º Plano Quinquenal. As novas regulamentações da Administração Nacional de Energia (NEA), em vigor desde maio, criaram uma corrida contra o tempo para instalar antes do corte regulatório. Há um clima de urgência gerado por...
- Incentivos ao autoconsumo.
- Restrições de acesso à rede.
- Liberalização do comércio de certificados verdes.
Esses 36 GW são superiores ao que países como Espanha ou França podem instalar em mais de dois anos, contando todas as instalações solares. A UE, como um todo, instalou 56 GW em todo o ano de 2023, e apenas uma parte foi em telhados.
No Brasil, a energia solar fotovoltaica atingiu a marca de 55 gigawatts (GW) de capacidade, segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Hoje, o acumulado é de cerca de 37,4 GW de potência instalada da fonte solar na geração própria. Já a capacidade operacional nas grandes usinas conectadas no Sistema Interligado Nacional (SIN) fica em torno de 17,6 GW.
Em detalhes
Na China, o impulso não tem sido homogêneo. Províncias com maior flexibilidade regulatória, como Jiangsu e Guangdong, têm acionado energia fotovoltaica em telhados. Outras, como Mongólia Interior ou Jilin, restringiram tanto o autoconsumo que mal contribuíram.
Por trás do cenário, existem certas tensões:
- Alguns grandes projetos comerciais não podem mais vender eletricidade para a rede.
- A complexidade legal e contratual está aumentando.
- Desenvolvedores e investidores estão enfrentando um ambiente mais incerto.
A China continuará instalando paineis em um ritmo muito mais rápido do que estamos acostumados no Ocidente e o modelo distribuído crescerá, embora previsivelmente com certos ajustes.
Se mantiver o ritmo, a China acabará realizando mais instalações em telhados em um ano do que muitos países juntos em uma década.
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