Depois da polêmica dos escaneamentos de íris em troca de criptomoedas, a Geração Z encontrou uma nova forma, no mínimo duvidosa, de faturar um extra. A chave da vez é uma empresa chamada Verb.AI, que fez uma proposta direta pros jovens: pagar pra monitorar o uso diário do celular deles.
A estratégia da empresa se apoia em dois estudos que fazem o negócio parecer promissor. De um lado, a confirmação de que jovens da Geração Z passam cerca de sete horas por dia no celular, navegando nas redes e consumindo conteúdo. Do outro, a disposição dessa geração em vender seus dados pro maior lance.
O pão de hoje pode virar fome amanhã
Um estudo da Euromonitor International já apontava: 88% da Geração Z está de boa em compartilhar seus dados pessoais com empresas por trás de redes sociais, desde que receba algo em troca — seja grana ou uma experiência mais afinada com o algoritmo. Já entre os adultos de outras gerações, esse número cai pra 67%.
É uma tendência preocupante
Não só pela contradição com o discurso da própria Geração Z sobre segurança digital, já que são eles que mais leem sobre cookies, pesquisam sobre privacidade nos navegadores e até encriptam suas comunicações. Mas também porque o que a Verb oferece em troca dos dados pessoais mal chega a 50 dólares por mês.
Diante desse valor, surgem dois olhares
Segundo dados de 2024, o mercado dos data brokers, empresas que lucram vendendo dados de usuários para entender comportamentos, cliques e preferências úteis pra áreas como publicidade, pesquisa de mercado ou experiência do usuário estima que o valor mensal de cada pessoa gira em torno de 180 reais.
É claro que estamos falando de um valor bem abaixo do que a Verb está prometendo pagar aos usuários, mas é importante considerar que o papel da empresa vai além de um retorno pontual. A ideia por trás dessa vigilância diária é construir um gêmeo digital desses jovens da Geração Z.
Um modelo de inteligência artificial que poderá ser usado por marcas e que vai obrigá-las a pagar toda vez que quiserem consultar essa nuvem de dados transformada em perfil geracional.
Somando a isso, tem o fato de que esses dados agora são vistos como uma medida ultracirúrgica sobre o grupo geracional mais cobiçado do momento. Afinal, conquistar as novas gerações significa não só fidelizar consumidores hoje, mas também garantir que, no futuro, elas tragam seus filhos pra dentro da mesma marca. O problema é que esse hype deve perder força com o tempo.
Quanto mais gêmeos digitais forem criados e quanto mais as regulações começarem a apertar esse tipo de modelo de negócio, menor será o valor desse “produto”.
Ou seja, se algum jovem da Geração Z acha que vai embolsar 100 reais por mês pra sempre, tá bem enganado.
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