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A "Amazon chinesa" acaba de comprar a MediaMarkt por 2,5 bilhões — um problema para a Amazon na Europa

JD.com, a rival chinesa da Amazon, compra a MediaMarkt para enfrentar o gigante norte-americano na Europa com sua tecnologia logística

Compra permite que China ofereça competição à Amazon na Europa / Imagem: James Jeremy Beckers
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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A JD.com, a “Amazon chinesa”, concluiu a aquisição da Ceconomy, proprietária das redes MediaMarkt e Saturn. O gigante alemão, agora avaliado em 2,5 bilhões de dólares, passa a estar sob seu controle.

A operação permite que a principal rival da Alibaba estabeleça sua primeira grande presença na Europa. Ao mesmo tempo, a MediaMarkt passa a contar com a tecnologia logística mais avançada do mundo para competir com a Amazon.

A JD.com adquiriu 57,1% da Ceconomy por meio de uma oferta de 4,60 euros por ação, 23% acima do preço anterior. A família Kellerhals, maior acionista até então, mantém 25,35% e continua como sócia estratégica.

O contexto

A Europa está se tornando um destino preferencial para os investimentos chineses. As operações com destino ao continente dobraram em 2024, alcançando 8,45 bilhões de dólares — o maior valor desde 2021, segundo dados da LSEG citados pela Reuters.

As tensões comerciais com os EUA estão levando a China a buscar mercados alternativos. A Europa pode oferecer estabilidade regulatória e um mercado maduro com 450 milhões de consumidores.

A Ceconomy opera mais de 1.000 lojas em 11 países europeus, com 50.000 funcionários. Ela faturou 22,4 bilhões de euros em 2024, dos quais 5,1 bilhões vieram de vendas online.

A JD.com aporta sua experiência em comércio omnicanal e uma rede logística com mais de 550 armazéns gerenciados por IA. Seus algoritmos preveem pedidos com dias de antecedência e reposicionam o estoque automaticamente.

A ameaça

A Amazon domina o comércio eletrônico europeu, mas carece de presença física significativa. A MediaMarkt, com sua rede de lojas, pode oferecer retirada imediata e atendimento técnico presencial — serviços que o gigante norte-americano não possui.

A JD.com promete manter os empregos por três anos, conservar a sede em Düsseldorf e respeitar a estrutura atual de gestão. A operação está sujeita à aprovação regulatória e deve ser concluída no primeiro semestre de 2026.

Nas entrelinhas

A JD.com está comprando algo que não é totalmente evidente: dados. Padrões de compra, preferências e comportamentos de milhões de europeus. O gigante chinês terá acesso a uma enorme inteligência de mercado.

A promessa de manter os empregos soa generosa, mas, a médio e longo prazo, pode não ser exatamente assim, especialmente nos dias de hoje. É previsível que a JD.com automatize gradualmente processos que atualmente dependem de trabalho humano. Se tudo correr bem, não haverá demissões em massa, mas sim uma transição para funções mais técnicas e especializadas.

Agora, os consumidores europeus podem se beneficiar de preços mais competitivos e, principalmente, de entregas mais rápidas se a JD.com aplicar seus padrões chineses, com entrega em 24 horas nas cidades e entrega no mesmo dia nas grandes metrópoles.

A operação marca o momento em que a China deixa de ser apenas a fábrica do mundo para se tornar seu distribuidor. A MediaMarkt se transforma no cavalo de Troia perfeito: uma marca europeia confiável com tecnologia chinesa por dentro.

Imagem | James Jeremy Beckers

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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