Temos uma maneira de melhorar a eficácia de tratamentos como Ozempic para perda de peso: enganando o metabolismo

  • Equipe descobriu novo mecanismo metabólico no fígado de camundongos

  • Descoberta abre caminho para tratamentos aprimorados de perda de peso

Imagem | Xataka com Gemini / Andres Ayrton
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Nosso corpo não evoluiu para as vicissitudes da vida moderna. Durante grande parte da existência humana, permanecer vivo exigia, por exemplo, que nossos corpos reagissem à escassez de alimentos para evitar que nossa ingestão de energia se tornasse excessiva e esgotasse nossas reservas. No mundo contemporâneo, essa estratégia se tornou um inconveniente para muitos que desejam perder peso.

Um novo caminho

Agora, isso pode mudar graças a uma nova descoberta. Uma equipe de pesquisadores descobriu um mecanismo usado pelo fígado no consumo de açúcares e gorduras. Embora a descoberta ainda esteja limitada a modelos animais, a equipe acredita que ela tem potencial para ajudar a melhorar a eficácia de tratamentos para perda de peso e até mesmo diabetes.

Enfrentando o déficit

Perder peso parece simples: basta gastar mais calorias do que consumimos. No entanto, isso costuma ser complicado, pois nosso corpo é um gestor especialista em sua economia energética e sabe como reagir à escassez.

Quando estamos em uma situação prolongada em que reduzimos a ingestão de energia do nosso corpo, ou seja, consumimos menos calorias, nosso corpo reage reduzindo nosso consumo de energia. Para isso, ele tem uma ferramenta fundamental: desacelerar o metabolismo.

Isso implica, por exemplo, que após um período de dieta, podemos ver como o peso perdido diminui. Algo que afeta até mesmo pessoas que recorrem a medicamentos como Ozempic, Wegovy ou Zepbound.

Plvap

A equipe responsável pela descoberta, explicam, estava estudando um gene chamado Plvap no fígado de camundongos. Este é um gene também presente em células humanas. Sabia-se que pessoas com mutações que eliminavam esse gene tinham problemas para metabolizar lipídios (gorduras), o que despertou o interesse do grupo.

O estudo do gene revelou que sua função tem a ver com a mudança metabólica que ocorre quando nosso corpo passa do consumo de açúcar para o de gordura durante o jejum. Se esse gene não for ativado, o corpo continua queimando açúcar como se nada estivesse acontecendo.

Enganar o corpo

Controlar esse mecanismo recém-descoberto abriria caminho para aprimorar os tratamentos existentes para perda de peso. A estratégia para isso seria usar esse gene para "enganar" o fígado na regulação do nosso metabolismo.

Detalhes do estudo foram publicados em artigo na revista Cell.

Não é apenas questão de peso

Controlar o peso é algo que desperta enorme interesse, como demonstram os sucessos de medicamentos como os da família Ozempic. No entanto, os responsáveis ​​pelo estudo apontam que ele também pode nos ajudar a tratar doenças metabólicas. Um exemplo é o diabetes, devido ao papel da proteína Plvap na forma como nosso corpo processa o açúcar.

Longo caminho pela frente

Transformar a descoberta em um tratamento que possa chegar às pessoas levará anos. Até o momento, o trabalho foi realizado apenas em camundongos, o que implica que ainda não foi demonstrado que os mesmos mecanismos operam no metabolismo de seres humanos, algo previsível, mas por enquanto sem observação.

Desenvolver um medicamento e fazê-lo passar por todos os controles usuais, incluindo ensaios clínicos, também é algo que leva tempo e, acima de tudo, esforço. O sucesso da nova geração de medicamentos para emagrecer é pelo menos um indício de que esse tipo de tratamento está na agenda dos laboratórios, então o esforço está aí.

Imagem | Xataka com Gemini / Andres Ayrton

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