Conhecida como Faixa de Buracos, o Monte Sierpe, localizado no Vale do Pisco, sul do Peru, sempre foi um mistério para os cientistas. Com mais de 5 mil buracos perfeitamente alinhados aos pés da Cordilheira dos Andes, ninguém nunca soube ao certo qual era a utilidade dessas cavidades. Historiadores do mundo inteiro tentam decifrar esse enigma há milhares de anos, mas só agora uma nova pesquisa revelou qual seria a verdadeira função desses buracos. Publicada na revista britânica Antiquity, a pesquisa contou com a colaboração de cientistas de 5 lugares diferentes, e o resultado da pesquisa revelou que os buracos eram utilizados por civilizações antes do Império Inca, o maior império da Pré-Colombiana que se expandiu entre os anos 1438 a 1533 no território andino.
Faixa de buracos apresenta mais de 1,5 km de extensão
O Monte Sierpe é um sítio arqueológico com mais de 1.500 quilômetros de extensão bem em cima do Vale do Pisco, uma área desértica cheia de colinas localizada aos pés da Cordilheira dos Andes. Mas o que uma faixa com 5.200 buracos tem de tão especial? Acontece que a Faixa de Buracos do Vale do Pisco chama a atenção pela dimensão, a disposição e a precisão surpreendente dos buracos. Visualmente, é como se eles tivessem sido perfeitamente alinhados no local, com algum propósito, com 1 a 2 metros de largura e 0,5 a 1 metro de profundidade.
Foi exatamente esse questionamento que deixou os historiadores encucados com o Monte Sierpe. Ao longo dos anos, o espaço recebeu uma série de interpretações diferentes. Já sugeriram que o espaço foi usado no passado para rituais, armazenar alimentos, colher água ou como um sistema administrativo, mas todas essas opções foram consideradas sem fundamento. Porém, a pesquisa publicada na revista britânica surgiu com novos dados que fornecem pistas importantes sobre a verdadeira utilidade do local. A seguir, confira um vídeo mostrando a impressionante Faixa de Buracos no Vale do Pisco:
Para que serviam os mais de 5 mil buracos?
A pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade de Sydney, do Instituto Australiano de Museus, da Universidade do Sul da Flórida, da Universidade da Califórnia e da Universidade Nacional de San Marcos, trouxe luz para esse mistério não resolvido. Após análise de vários dados, os cientistas envolvidos na pesquisa acreditam que a Faixa de Buracos tenha colaborado para atividades comerciais no período pré-inca.
Eles chegaram a essa conclusão após mapearam todo o território do sítio arqueológico, utilizando drones com câmeras de alta resolução. Esses drones conseguiram captar com precisão o padrão de alinhamento desses buracos, revelando que eles seguem sim um padrão numérico e organizacional. Ou seja: eles não estão ali por acaso.
Ao analisar mais profundamente os sedimentos dos buracos em um microscópio, os cientistas perceberam que existiam pólen de milho e restos de juncos ali, uma espécie de planta muito utilizada para a confecção de cestos por civilizações pré-incas. Isso sugere que trocas ou armazenamento de mercados podem ter acontecido nesse local antes do Império Inca se consolidar.
Além disso, uma outra característica chamou a atenção dos cientistas. De acordo com eles, a maneira com que as fileiras de buracos estão dispostas é muito semelhante a uma estrutura de quipu inca, um sistema de registros que utiliza cordas e nós para armazenar informações sobre contabilidade, censos e histórias. Um outro detalhe que reforça essa possibilidade é o fato do Monte Sierpe estar localizado em um ponto considerado estratégico para o desenvolvimento da civilização, bem próximo a centros administrativos incas, o que sugere que a circulação de mercadoria e atividades sociais podem ter se desenvolvido bem nessa região.
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