Uma descoberta surpreendente na América do Norte está reescrevendo o que se sabia sobre os mosassauros, os gigantescos répteis marinhos do final da era dos dinossauros. Pesquisadores descobriram que esses superpredadores, antes considerados estritamente oceânicos, passaram seu capítulo final rondando rios de água doce ao lado de crocodilianos e grandes dinossauros.
A evidência veio de um dente maciço encontrado em depósitos fluviais de Dakota do Norte, nos EUA, uma área mais conhecida por fósseis do dinossauro bico-de-pato, o Edmontosaurus, e até mesmo do Tyrannosaurus rex. A presença de um réptil marinho, possivelmente do tamanho de um ônibus, em um ambiente de rio indica uma notável adaptação a um mundo em rápida mudança.
Isótopos revelam a adaptação à água doce
Para confirmar que o mosassauro estava vivo e caçando no rio, e não apenas que seu dente foi levado pela corrente, a equipe internacional de cientistas da Universidade de Uppsala recorreu à análise de isótopos químicos no esmalte do dente.
Ao comparar a química do dente do mosassauro com os dentes de T. rex e o maxilar de crocodiliano encontrados no mesmo local e época (cerca de 66 milhões de anos atrás), os resultados foram conclusivos:
- Isótopos de oxigênio (O-16): o dente do mosassauro continha níveis excepcionalmente altos do isótopo de oxigênio mais leve, uma assinatura química típica de ambientes de água doce, e não marinhos.
- Isótopos de carbono (C-13): o mosassauro apresentou um valor de carbono mais alto do que todos os outros mosassauros conhecidos, o que sugere que ele não mergulhava profundamente e pode ter se alimentado ocasionalmente de dinossauros afogados.
O predador de 11 metros que caçava na superfície
A adaptação a esse novo estilo de vida foi possível devido a mudanças geológicas. À medida que o Western Interior Seaway (um vasto mar interior que dividia a América do Norte) recebia um fluxo crescente de água doce, ele se transformou gradualmente em águas salobras, criando uma camada de água doce mais leve na superfície.
Os dados de isótopos sugerem que os mosassauros — que precisavam subir para respirar — se estabeleceram nesta camada superior de água doce. Isso lhes permitiu caçar em ecossistemas fluviais, rivalizando com as maiores orcas atuais em tamanho (alguns indivíduos chegavam a 11 metros de comprimento).
A descoberta mostra uma incrível flexibilidade desses superpredadores, que se ajustaram aos ambientes de rio nos milhões de anos finais antes da extinção em massa que pôs fim à era dos dinossauros.
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