O que deveria ser apenas o cenário espetacular para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026 acabou se transformando também em uma janela aberta para um mundo que existiu muito antes de qualquer pista de esqui. Nas montanhas próximas a Bormio, na região de Milão-Cortina, paleontólogos anunciaram a descoberta de milhares de pegadas de dinossauros — algumas com mais de 40 centímetros e preservadas com detalhes tão nítidos que ainda exibem marcas de garras.
As pegadas, estimadas em até 20 mil unidades, datam de cerca de 210 milhões de anos, ainda no Período Triássico. Elas teriam sido deixadas por grandes herbívoros bípedes, semelhantes ao Plateossauro, que podiam chegar a 10 metros de comprimento e pesar até quatro toneladas. Diferente do imaginário de criaturas correndo desesperadas, os pesquisadores identificaram passos calmos e constantes — como se os animais simplesmente estivessem atravessando uma planície tranquila.
A parte mais fascinante é imaginar o cenário original. Onde hoje existem picos gelados e paredões quase verticais, antes havia algo completamente diferente: uma vasta área costeira, às margens do antigo oceano Tétis. O solo era composto por lama úmida e sedimentos macios — perfeitos para gravar cada passo desses gigantes.
Com o passar de milhões de anos, placas tectônicas se moveram, mares desapareceram e as camadas de lama endureceram, transformando-se em rocha. Depois, vieram as dobras que formaram os Alpes e, com isso, as pegadas que antes eram horizontais acabaram virando paredes — hoje localizadas a mais de 2.400 metros de altitude.
Imagem mostra as pegadas no que agora é uma parede de rocha.
A descoberta foi feita quase por acaso, por um fotógrafo de vida selvagem que procurava cervos e abutres. Em vez disso, encontrou um registro silencioso de um passado remoto — e uma quantidade absurda dele.
Para os organizadores das Olimpíadas, o achado virou uma espécie de “presente oficial”. Não apenas porque adiciona um apelo turístico e científico único, mas porque coloca a competição esportiva dentro de um contexto maior: o de um planeta que muda, resiste e guarda histórias por milhões de anos. De um lado, atletas perseguindo milissegundos. Do outro, vestígios que sobreviveram a eras inteiras.
Créditos de imagens: Xataka Brasil, Piero Cruciatti/AFP/Getty Images
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