Nissan vai fechar três fábricas e cortar mais de 20 mil empregos com queda nas vendas na China e nos EUA, diz relatório

Imagem | Nissan
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
pedro-mota

PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

A Nissan está enfrentando o que pode ser sua maior reestruturação global em mais de uma década. A montadora japonesa fechará três fábricas e demitirá mais de 10 mil funcionários como parte de uma onda de cortes que se soma aos 9 mil empregos eliminados nos últimos meses. De acordo com a emissora pública japonesa NHK e reportagens da Reuters, o total chegará a 20 mil empregos, representando cerca de 15% de toda a sua força de trabalho global. A medida segue o colapso nas vendas da marca em seus dois mercados mais importantes: Estados Unidos e China.

O plano inclui o fechamento permanente de uma fábrica na Tailândia, previsto para junho, e o cancelamento de uma nova fábrica de baterias para carros elétricos na ilha de Kyushu, no Japão. A Nissan planejava investir US$ 1,1 bilhão (R$ 6,16 bi)  nesta última instalação, com o apoio de subsídios governamentais. No entanto, a estratégia foi cancelada antes mesmo de começar. Somam-se a isso mais dois fechamentos em fábricas não divulgadas, parte de uma redução drástica de 20% em sua capacidade operacional global.

O anúncio ocorre em um momento crítico para a empresa. Preparada para apresentar seus resultados financeiros do último ano fiscal, a Nissan já antecipou o anúncio de um prejuízo líquido recorde de até 750 bilhões de ienes (R$ 28,5 bilhões). A fraqueza das vendas nos Estados Unidos está relacionada a uma interpretação equivocada do mercado: a Nissan não promoveu versões híbridas de seu portfólio, nem aproveitou sua vantagem inicial com carros elétricos como o Leaf, o que a deixou fora do radar da Tesla e da Toyota.

No caso da China, o maior mercado automobilístico do mundo, o golpe foi igualmente profundo. A Nissan não conseguiu competir com a onda de montadoras locais que oferecem carros elétricos mais avançados e econômicos. A resposta será uma ofensiva de 10 novos modelos nos próximos anos, embora ainda haja dúvidas se a estratégia chegará a tempo. No Japão, a empresa se recusou a confirmar oficialmente demissões ou fechamentos, embora seu CEO, Ivan Espinosa, que assumiu há apenas algumas semanas, já tenha alertado que "medidas adicionais" estão a caminho.

Fábrica da Nissan no Japão Fábrica da Nissan no Japão

A reformulação estrutural não se limita à questão financeira. A Nissan também planeja reformular sua oferta tecnológica. Espera-se que seus novos modelos de carros elétricos incorporem sistemas avançados de assistência ao motorista, infoentretenimento com telas de alta resolução, conectividade em nuvem e plataformas de software atualizáveis. Em termos de design, há rumores de uma nova identidade visual com linhas aerodinâmicas mais agressivas, luzes de LED mais nítidas e interiores que priorizam telas flutuantes e assistentes de voz baseados em IA.

A crise da Nissan é profunda, mas também revela uma lição fundamental para a indústria: não basta ter sido pioneira. O mercado exige evolução constante, e ficar parado, mesmo por um ano, pode ser o suficiente para ficar fora do jogo. Espinosa sabe disso. O desafio agora será convencer o mundo e os investidores de que a Nissan ainda tem o motor funcionando.

Nissan fechará três fábricas em todo o mundo Nissan fechará três fábricas em todo o mundo
Inicio