É um dos animais não domésticos mais queridos, mas corre risco de extinção: espécie está vivendo menos por conta de captura acidental durante pesca

Cientistas estão preocupados com futuro da espécie

Getty Images/CRMacedonio
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
barbara-castro

Bárbara Castro

Redatora

Os golfinhos são um dos animais mais queridos. Simpáticos, ótimos nadadores e que parecem tentar se comunicar com humanos por "apitos", essa espécie atraí os olhares de todos, mas cientistas estão começando a ficar preocupados com o futuro da espécie e sua possível extinção. 

Pesquisadores da Universidade de Colorado constataram que golfinhos fêmeas da espécia Tursiops truncatus (o mais comum achado mundialmente) estão vivendo cerca de 7 anos a menos que em 1997 e que além de afetar a própria espécie, a falta de golfinhos também pode significar uma mudança drástica no oceano. 

"Há uma necessidade urgente de gerenciar melhor a população", disse Etienne Rouby, pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina (INSTAAR). "Caso contrário, há o risco de declínio e, em última instância, de extinção."

Apesar de viverem em climas tropicais, no inverno a espécie viaja para o Golfo de Biscaia, localizado entre França e Espanha, um lugar que os golfinhos podem nutrir-se de diversos peixes. No entanto, este mesmo local é uma das zonas de pesca mais movimentadas da Europa, o que significa que o número de golfinhos que são capturados, mortos e feridos acidentalmente — chamado de captura acidental — é muito grande. Somente em 2021, estima-se que a captura acidental tenha matado cerca de 6.900 golfinhos, da população de inverno da baía, de 180.000.

No entanto, a pesquisa ainda levantou outra questão que é que levantamento de números de golfinhos anteriores eram falhos. Normalmente, por conta do movimento dos animais, o levantamento era feito de um helicóptero ou navios, com pesquisadores contando manualmente o número de golfinhos, mas isso se torna falho já que pode revelar um número diferente e, consequentemente, tornar a recuperação extremamente difícil quando o declínio se torna visível.

Getty Images/Stuart Westmorland (Getty Images/Stuart Westmorland)

Por isso, a equipe da Universidade de Colorado usou outra tática: contar o número de golfinhos ilhados. Normalmente, espécimes encalham quando doentes, feridos ou desorientados, e a maioria não sobrevive. Embora os animais encalhados representem apenas cerca de 10% do total de mortes, sua condição ao longo do tempo revelou padrões importantes na saúde da população.

"Queríamos capturar mudanças nas taxas de sobrevivência e fertilidade da população. Esses são indicadores mais sensíveis da saúde da população e nos permitem identificar os problemas antes que se tornem irreversíveis", disse Rouby.

O estudo descobriu que o crescimento populacional desacelerou em 2,4% desde 1997. Em condições ideais, o número de golfinhos comuns pode aumentar em cerca de 4% ao ano, o que significa que o crescimento em 2019 foi provavelmente de apenas 1,6%.

No mês de janeiro, o governo francês proíbe a pesca no Golfo de Biscaia com o intuito de proteger os golfinhos e apesar dessa medida ter ajudado, Rouby explica que o governo deveria alinhá-lo com o padrão de migração da espécie, já que nem sempre eles chegam ao local nos dias e semanas certos.

Rouby ainda alerta que outras espécies de golfinho, como o golfinho-roaz ou nariz-de-garrafa podem estar sofrendo o mesmo declínio igual ao golfinho comum. 

"Os golfinhos são os principais predadores do Golfo da Biscaia e desempenham um papel muito importante no ecossistema", explicou Rouby. "Sem esses predadores, as populações de peixes poderiam ficar descontroladas, e eles, por sua vez, consumiriam muito plâncton e vegetação até o sistema entrar em colapso."

Capa da matéria: Getty Images/CRMacedonio

Inicio