Apesar de o mundo inteiro estar se voltando para as energias renováveis e de haver diferentes projetos focados nisso, muitos países ainda dependem do carvão. No entanto, desta vez, o país que freia essa progressão não é a China, mas sim um concorrente geograficamente muito próximo: a Índia.
Demanda por carvão
O regulador asiático de preços observou que os preços do carvão caíram, oscilando em torno de US$ 100 por tonelada devido a um inverno ameno e ao excesso de oferta global, níveis não vistos desde maio de 2021. No entanto, essa queda pode ser temporária, visto que o investimento em nova produção diminuiu enquanto a demanda continua a aumentar em países como Índia e China, o que levaria à recuperação dos preços e manteria o carvão como uma fonte necessária globalmente.
Mas não estava diminuindo?
Por um lado, alguns países conseguiram reduzir ou eliminar sua dependência desse combustível fóssil, como é o caso da Espanha, que antecipou sua meta de fechar usinas termelétricas a carvão, ou do Reino Unido, que pôs fim à era do carvão após 142 anos. Por sua vez, o Chile implementou um imposto de carbono pioneiro, que acelerou sua transição para energia limpa.
Por outro lado, acionistas e bancos se recusaram a financiar projetos relacionados a esse combustível fóssil. No entanto, a demanda continua crescendo na Índia e na China, pois não conseguem atender à demanda de suas populações apenas com energia renovável.
Em dados
A Índia é o país que mais utiliza carvão. De fato, espera-se que sua demanda atinja 1,5 bilhão de toneladas em cinco anos, o que representa um aumento anual de aproximadamente 3%. A Índia, com uma população altíssima, utiliza carvão para a eletrificação de milhões de residências, a expansão da indústria e a necessidade de atender a uma demanda energética cada vez maior.
No entanto, segue de perto ou quase empatada com a China. Apesar de todo o investimento em energias renováveis, fechou o ano passado com uma demanda global de carvão de 8,77 bilhões de toneladas, ou seja, consumindo 30% a mais do que o resto do mundo combinado.
A Índia não investe em energias renováveis?
Nos últimos anos, tem investido em energia solar, estabelecendo metas como atingir 500 GW até 2030. Além disso, lançou diversos projetos para incentivar o desenvolvimento de energias renováveis, como o "Programa Nacional de Energia Solar". No entanto, a infraestrutura ainda é insuficiente e a intermitência na geração de energia continua a trazer problemas.
Dependência de outros países
Nem tudo recai sobre a Índia e a China; há outros países que dependem do carvão devido à necessidade de energia contínua, graças aos data centers e à Inteligência Artificial.
Nos casos mais específicos, a Alemanha ainda depende de usinas a carvão devido a atrasos na construção de novas usinas a gás. Por sua vez, o Japão e a Coreia do Sul continuam a depender do carvão para garantir um fornecimento estável de energia, especialmente no inverno. Por fim, o caso dos Estados Unidos, que, com novas políticas energéticas, estão retornando a esse combustível fóssil.
Previsões
A Agência Internacional de Energia observou que a demanda global por carvão deve aumentar. Embora os preços estejam baixos no momento, isso mudará devido à falta de investimento e ao aumento contínuo da demanda. Enquanto a China e a Índia continuarem queimando carvão, o problema não será tanto os preços, mas sim o descarrilamento das ambições climáticas globais.
Imagem | Jepoirrier
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