Na última atualização do Windows 10 para as versões Home e Pro (KB5055518), a Microsoft fez uma mudança sem aviso prévio que deixou muitos usuários irritados (ou pelo menos os mais atentos aos detalhes): a remoção dos segundos do relógio no “calendário expandido” — aquele painel que aparece quando clicamos na hora na barra de tarefas.
Pode parecer um detalhe sem importância, mas o ajuste tem certo peso no sistema. Antes, embora o Windows 10 não mostrasse os segundos diretamente na barra de tarefas, bastava clicar na hora para ver um relógio digital completo, com horas, minutos e segundos.
Agora, com a atualização KB5055518, esse recurso sumiu para alguns usuários. O painel foi redesenhado, ficou mais limpo, mas também mais limitado.
O curioso é que a mudança ainda não é para todos: a Microsoft está testando em um chamado “desdobramento A/B”, ou seja, só parte dos usuários vê essa alteração por enquanto. Mesmo assim, é um sinal de que a empresa parece decidida a alinhar o Windows 10 ao estilo do Windows 11 nos seus últimos meses de suporte — talvez para suavizar a transição obrigatória para o novo sistema.

O redesign que irritou os usuários
A insatisfação não vem apenas da nostalgia pelo visual antigo. Para muita gente, o relógio com segundos era útil para ajustar relógios manuais ou controlar tarefas com precisão. Além disso, o novo painel não foi bem aceito: separa mal os elementos do calendário, deixa espaços em branco sem função e eliminou o relógio em destaque que ficava no topo.
Por que os segundos incomodam tanto o Windows?
O problema é antigo. Nos testes do Windows 95, cada processo extra fazia diferença em máquinas com apenas 4 MB de RAM. Atualizar o relógio a cada segundo exigia:
- redesenhar a interface constantemente,
- manter rotinas de código sempre carregadas na memória,
- manter ativo o processo Explorer.exe em segundo plano.
Tudo isso consumia CPU e memória. Havia até versões em que o caractere “:” piscava, simulando relógios digitais, o que dobrava a carga de atualização. Em máquinas da época, até 4 KB de uso extra já afetavam o desempenho nos testes.
Hoje o hardware é muito mais poderoso, mas a preocupação mudou: agora a questão é a eficiência energética. Atualizar o relógio a cada segundo aumenta o consumo de energia, principalmente em sistemas multiusuário. Como explicou o engenheiro Raymond Chen, da Microsoft, os times de eficiência energética “não gostam de temporizadores que rodem mais de uma vez por minuto”.
Qual o impacto real?
Segundo testes internos, o Explorer consome em média 0,417 mW com os segundos desligados. Quando ativados, esse número sobe para 5,42 mW — mais de dez vezes. Isso significa de 3 a 15 minutos a menos de bateria em um uso de 10 horas.
Parece pouco, mas os engenheiros destacam o efeito acumulado: se cada recurso do sistema “gastar só um pouquinho a mais”, o impacto somado pode ser relevante para a bateria e para o meio ambiente.
Não por acaso, no Windows 11 os segundos também vêm desativados por padrão e com um aviso claro: consomem mais energia.
Existe alternativa?
No Windows 11, é possível ativar os segundos na barra de tarefas nas configurações, embora venha com a advertência de maior consumo. Já no Windows 10 atualizado, só dá para reativar mexendo no Registro do sistema — algo nada recomendado para usuários comuns.
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