A Microsoft vem lidando há 30 anos com um pequeno grande problema no relógio do Windows; no Windows 10, a empresa resolveu de vez

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Sofia Bedeschi

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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Na última atualização do Windows 10 para as versões Home e Pro (KB5055518), a Microsoft fez uma mudança sem aviso prévio que deixou muitos usuários irritados (ou pelo menos os mais atentos aos detalhes): a remoção dos segundos do relógio no “calendário expandido” — aquele painel que aparece quando clicamos na hora na barra de tarefas.

Pode parecer um detalhe sem importância, mas o ajuste tem certo peso no sistema. Antes, embora o Windows 10 não mostrasse os segundos diretamente na barra de tarefas, bastava clicar na hora para ver um relógio digital completo, com horas, minutos e segundos. 

Agora, com a atualização KB5055518, esse recurso sumiu para alguns usuários. O painel foi redesenhado, ficou mais limpo, mas também mais limitado.

O curioso é que a mudança ainda não é para todos: a Microsoft está testando em um chamado “desdobramento A/B”, ou seja, só parte dos usuários vê essa alteração por enquanto. Mesmo assim, é um sinal de que a empresa parece decidida a alinhar o Windows 10 ao estilo do Windows 11 nos seus últimos meses de suporte — talvez para suavizar a transição obrigatória para o novo sistema.

Original

O redesign que irritou os usuários

A insatisfação não vem apenas da nostalgia pelo visual antigo. Para muita gente, o relógio com segundos era útil para ajustar relógios manuais ou controlar tarefas com precisão. Além disso, o novo painel não foi bem aceito: separa mal os elementos do calendário, deixa espaços em branco sem função e eliminou o relógio em destaque que ficava no topo.

Por que os segundos incomodam tanto o Windows?

O problema é antigo. Nos testes do Windows 95, cada processo extra fazia diferença em máquinas com apenas 4 MB de RAM. Atualizar o relógio a cada segundo exigia:

  • redesenhar a interface constantemente,
  • manter rotinas de código sempre carregadas na memória,
  • manter ativo o processo Explorer.exe em segundo plano.

Tudo isso consumia CPU e memória. Havia até versões em que o caractere “:” piscava, simulando relógios digitais, o que dobrava a carga de atualização. Em máquinas da época, até 4 KB de uso extra já afetavam o desempenho nos testes.

Hoje o hardware é muito mais poderoso, mas a preocupação mudou: agora a questão é a eficiência energética. Atualizar o relógio a cada segundo aumenta o consumo de energia, principalmente em sistemas multiusuário. Como explicou o engenheiro Raymond Chen, da Microsoft, os times de eficiência energética “não gostam de temporizadores que rodem mais de uma vez por minuto”.

Qual o impacto real?

Segundo testes internos, o Explorer consome em média 0,417 mW com os segundos desligados. Quando ativados, esse número sobe para 5,42 mW — mais de dez vezes. Isso significa de 3 a 15 minutos a menos de bateria em um uso de 10 horas. 

Parece pouco, mas os engenheiros destacam o efeito acumulado: se cada recurso do sistema “gastar só um pouquinho a mais”, o impacto somado pode ser relevante para a bateria e para o meio ambiente.

Não por acaso, no Windows 11 os segundos também vêm desativados por padrão e com um aviso claro: consomem mais energia.

Existe alternativa?

No Windows 11, é possível ativar os segundos na barra de tarefas nas configurações, embora venha com a advertência de maior consumo. Já no Windows 10 atualizado, só dá para reativar mexendo no Registro do sistema — algo nada recomendado para usuários comuns.

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