Durante a Guerra Fria, a União Soviética era conhecida por seus projetos ambiciosos e, por vezes, radicais. Um dos mais impressionantes e bizarros foi o ecranoplano, um veículo que desafiava a categorização tradicional, parecendo ter saído diretamente de um filme de ficção científica.
Classificado legalmente como embarcação naval (navio), apesar de ser equipado com asas, o ecranoplano foi concebido para utilizar um fenômeno aerodinâmico para voar a apenas alguns metros da superfície. Seu objetivo era fornecer à URSS uma vantagem estratégica inigualável para o transporte rápido e a defesa costeira.
O monstro do mar Cáspio e a ciência do voo
O nome mais famoso do projeto, "Monstro do Mar Cáspio", foi dado ao modelo KM da classe Lun. Essa máquina era, na verdade, um veículo de efeito solo (Ground Effect Vehicle).
O ecranoplano operava aproveitando o Efeito Solo (Ground Effect). Ao voar extremamente perto da água (geralmente entre 4 a 14 metros), a aeronave comprimia o ar entre suas asas e a superfície, criando um "colchão" de ar denso.
Esse colchão de ar aumentava drasticamente a sustentação e a eficiência, permitindo que a aeronave carregasse uma carga útil enorme, alcançando velocidades de até 550 km/h.
Voar a uma altitude tão baixa era a chave militar. Isso permitia que o veículo passasse por cima de campos minados e, crucialmente, evitasse a detecção por radares da época.
Propósito militar no fim da era soviética
Os ecranoplanos foram desenvolvidos primariamente para transporte militar e combate. O modelo Lun-class (Projeto 903) representava o auge da tecnologia soviética. Tinha um porte colossal e era armado com seis lançadores de mísseis antinavio de longo alcance.
Apesar da engenharia avançada e de seu potencial de guerra, o programa Ekranoplan foi amplamente abandonado após o colapso da União Soviética, vítima dos altos custos operacionais e da falta de financiamento para manutenção da frota.
Hoje, a curiosa e assustadora herança da URSS se tornou uma atração. Um dos gigantes da classe Lun foi rebocado para uma praia na cidade russa de Derbent, no Daguestão, onde agora repousa como uma boca aberta na areia, servindo como museu e atração turística. Além disso, a China, segundo relatos, tem demonstrado interesse em ressuscitar o conceito, buscando desenvolver sua própria geração de veículos de efeito solo para uso estratégico.
Ver 0 Comentários