As pessoas trocam seus carros a gasolina a cada 12 anos, mas quem tem carro elétrico faz isso a cada três anos, segundo um estudo

Carro elétricos usam gasolina? Imagem: SEAT, Motorpasión, Peugeot, BYD, Citroën
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

A Europa vai proibir, na prática, a venda de carros novos com motor a combustão em 2035, permitindo quase exclusivamente a comercialização de veículos elétricos. E ela não está sozinha – Japão e Califórnia têm planos parecidos. No entanto, segundo um estudo, milhões de pessoas podem não sentir o impacto dos carros elétricos até meados do século.

De acordo com um levantamento da S&P Global, os donos de carros a combustão tendem a ficar com seus veículos por mais tempo, ao contrário dos proprietários de elétricos, mesmo que esses últimos sejam, em geral, mais caros.

Proprietários de carros elétricos trocam de veículo, em média, a cada quatro anos
A União Europeia vai proibir a venda de carros a gasolina e diesel a partir de 2035, com exceção dos modelos que utilizem combustíveis sintéticos, os chamados e-fuels. Essa proibição será revisada – ou confirmada – em 2026. O Reino Unido seguirá o mesmo caminho já em 2030, enquanto Japão e Califórnia pretendem adotar a medida em 2035.

O desafio é que o impacto real dessa mudança pode demorar décadas para aparecer, já que, dos dois lados do Atlântico, a idade média da frota de veículos está próxima dos 13 anos.

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A S&P Global, uma consultoria especializada em análises econômicas (a mesma responsável pelo índice S&P 500), investigou quanto tempo os proprietários costumam manter seus veículos. O estudo revelou grandes diferenças entre os carros com motor a combustão e os elétricos, causadas por uma série de fatores bem específicos.

Realizado nos Estados Unidos, o estudo mostrou que os motoristas estão ficando com seus carros por mais tempo do que nunca – uma tendência especialmente forte no caso dos modelos a combustão. Em média, um veículo é mantido por 12,5 anos, número que sobe para 13,6 anos no caso dos automóveis de passeio.

Na Espanha, a idade média da frota é ainda maior: 14,2 anos, de acordo com dados da Associação Espanhola de Fabricantes de Automóveis e Caminhões (ANFAC). O país segue com uma das frotas mais antigas da Europa, superando a média do continente, que é de 12,3 anos.

Vários fatores explicam essa maior durabilidade dos carros a gasolina e diesel. Um deles é a percepção de confiabilidade desses modelos para viagens longas. Muitas famílias mantêm pelo menos um carro a combustão em casa, mesmo que ele seja usado com menos frequência, justamente para garantir uma autonomia sem restrições, especialmente em trajetos mais longos.

A inflação, que afeta tanto os carros a combustão quanto os elétricos, também tem impacto.

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Já os carros elétricos costumam ser trocados com mais frequência. Segundo a S&P Global, esses veículos são renovados, em média, a cada 3,6 anos. Essa alta rotatividade se deve, em parte, ao maior custo de aquisição, que atrai consumidores com poder aquisitivo mais alto – pessoas dispostas a trocar de modelo com regularidade e que geralmente optam por modalidades como leasing (aluguel com opção de compra) ou renting (aluguel de longa duração), com contratos que costumam ter duração média de quatro anos.

Em 2024, quase 80% dos carros elétricos novos registrados nos Estados Unidos foram adquiridos por meio dessas modalidades de aluguel, de acordo com dados da Edmunds citados pelo The Wall Street Journal.

Essa preferência pelo renting no mercado de elétricos também se explica pelo receio dos consumidores quanto à possível perda de autonomia das baterias ao longo do tempo ou até mesmo falhas completas.

Como a substituição dessas baterias pode custar entre 40 mil - 95 mil reais dependendo da marca, muitos clientes preferem repassar esse risco para as empresas de aluguel.

Naturalmente, isso impacta o mercado de carros elétricos usados, especialmente quando esses veículos provenientes de contratos de renting chegam ao mercado de segunda mão. Segundo um estudo recente da iSeeCars, os preços dos elétricos usados nos Estados Unidos caíram 15,1% no último ano. Na Europa, o preço médio desses modelos caiu 8,1% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da plataforma Autoscout24.

Por fim, é importante destacar que o mercado de veículos elétricos está em plena transformação. A cada ano, novos modelos, mais eficientes e inovadores, chegam ao mercado, incentivando mais consumidores a fazer a transição para a mobilidade elétrica. Marcas como Tesla e BYD estão entre as que mais impulsionam essa mudança.

Uma vez que fazem a migração para os elétricos, a maioria dos motoristas tende a permanecer fiel a esse tipo de motorização.

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