Desde 13 de novembro de 2025, a Espanha já não permite mais que as galinhas poedeiras sejam criadas ao ar livre. O confinamento em massa tem um motivo: o governo quer conter a expansão da gripe aviária H5N1. E faz sentido: nesta temporada, já foram registrados 14 focos em aves de criação, vários em aves cativas e dezenas em aves silvestres.
O problema é tudo o que fica fora do radar.
O que eu faço com minhas galinhas?
Na Espanha, pelo menos desde 2024, todas as galinhas precisam estar registradas. E sim, isso inclui as galinhas para consumo próprio; animais que, segundo os dados, representam apenas 0,77% do total (embora todos os especialistas saibam que são muito mais). Uma reportagem do jornal El País constatou que os números não refletem a realidade e que grande parte dos que criam para consumo próprio mantém as aves (especialmente a espécie ISA Brown) sem registro.
Isso fez com que, em um contexto no qual o consumo próprio não recebe inspeções (e vive alheio à regulamentação de saúde animal), as dúvidas e os riscos tenham crescido exponencialmente. Como explicou Cristina García Casado no InfoLibre, a pergunta que mais se repete entre veterinários do país é: “o que eu faço com minhas galinhas?”
E a resposta é muito simples: confiná-las. Porque a norma não distingue tamanhos: uma galinha de quintal infectada pelo contato com uma ave silvestre pode ser um problema tão grande quanto qualquer outro tipo de galinha. Ou talvez maior.
Afinal, as autoridades europeias continuam classificando o risco para a população geral como baixo; mas o elevam para baixo-moderado para pessoas em contato direto com aves infectadas ou ambientes contaminados. Ter aves de criação sem monitoramento aumenta o risco para a população “civil”, até porque é difícil que sejam monitoradas.
Ao menos no que diz respeito à gripe, todos esses quintais domésticos têm os mesmos requisitos sanitários, mas muito menos infraestrutura.
O boom dos ovos caseiros
É importante lembrar que isso não acontece por acaso. A verdade é que, nos últimos anos, a Espanha viveu um verdadeiro boom de galinhas para consumo próprio. É a confluência dos movimentos de “galinhas felizes” com a resposta de muitos cidadãos diante de um preço que não para de subir. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o preço dos ovos aumentou 15,9% no ano e, de acordo com a OCU, o crescimento foi de 105% em relação a 2021.
E não estamos falando de um produto de luxo. Estamos falando do que talvez seja uma das proteínas mais baratas e acessíveis do mundo. Diante dessa “ovoflação”, as contas são claras: “uma galinha custa cerca de nove euros (R$ 56), é fácil de criar e manter com frutas, verduras e ração e, a cada 25 horas, põe um ovo”. Como é que não haveria um problema?
Quem cria galinhas para consumo próprio tem alguns fatores a considerar:
- Seja maior ou menor, o galinheiro precisa estar registrado no REGA (Registro Geral de Explorações Pecuárias).
- Implementar medidas de confinamento e biossegurança: separar as galinhas de qualquer contato com aves silvestres; controlar entradas e saídas; registrar todas as mudanças em um livro de registro.
- Melhorar as condições de limpeza, renovar a cama com mais frequência e reforçar os protocolos de manejo diário.
- Introduzir programas de bem-estar para conter os problemas associados ao sedentarismo.
- Acima de tudo, reforçar a vigilância. Há muitos sinais de alerta (apatia, queda na produção, alta mortalidade e sintomas gripais). Por isso, o melhor é estar atento.
Imagem | Finn Mund
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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