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Há mais de 90 anos, Toyota comprou uma prensa Komatsu de 700 toneladas: ela viajou o mundo e agora voltou para casa para fabricar células de combustível de hidrogênio

Toyota utiliza uma prensa industrial de 700 toneladas para fabricar carros há quase 100 anos, e não tem intenção de aposentá-la

Imagem | Toyota
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PH Mota

Redator
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PH Mota

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Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

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Todas as fábricas se livram de uma máquina quando elas ainda estão funcionando, mas já cumpriram seu serviço, e foram superadas por uma tecnologia mais moderna (e supostamente melhor). Com a obsolescência programada, muitas vezes não há escolha, pois as máquinas quebram e precisam ser substituídas para continuar a produção. No entanto, há quase 100 anos, a obsolescência programada não existia e ainda há empresas que se aproveitam dela.

Do Japão para o Brasil, e de volta ao Japão

É o caso da Toyota, que, em vez de seguir a filosofia do descarte, prefere dar uma segunda vida a máquinas antigas que ainda podem ser úteis. Até mesmo uma terceira vida, como está acontecendo com uma antiga prensa industrial Komatsu de 700 toneladas, que recebeu uma bela homenagem da Toyota, da qual participou o presidente da empresa, Akio Toyoda.

O fundador da Toyota, Kiichiro Toyoda, comprou esta máquina em 1934 para sua empresa de teares, a Toyoda Automatic Loom Works. Três anos depois, em 1937, quando a Toyota Motor Company foi fundada para fabricar automóveis, a prensa tornou-se propriedade da Toyota, que um ano depois transferiu a máquina de Aichi para a fábrica de Koromo (atual Honsha).

Original

Foi uma transferência de cerca de 15 km e uma empresa especializada em construção, logística e instalação de máquinas pesadas foi responsável pela realocação. Segundo as histórias, com carroças puxadas por bois.

Durante décadas, a prensa operou em plena capacidade no Japão, até que, em 1962, a Toyota decidiu transferi-la para sua primeira fábrica de automóveis fora do país, em São Bernardo, São Paulo. Lá, foi usada para iniciar a fabricação da versão local do Toyota Land Cruiser, o Toyota Bandeirante brasileiro.

A prensa permaneceu em operação por mais algumas décadas, até o fechamento da fábrica brasileira. Na época, os responsáveis pela fábrica consultaram o Japão sobre o que fazer com a prensa Komatsu e o presidente da Toyota, Akio Toyoda, tomou a decisão de manter a máquina para continuar a utilizá-la, mas no Japão.

Sua ideia era preservar o valor histórico dessa prensa por meio da "conservação funcional", ou seja, restaurando-a e mantendo-a em perfeitas condições para continuar produzindo peças.

Poucos meses depois, a prensa industrial mudou-se pela terceira vez em seus mais de 90 anos de história e retornou ao Japão, especificamente à Toyota City, em Aichi, local onde estreou em 1934. A Toyota realizou uma cerimônia de boas-vindas com a presença de ex-funcionários e representantes da marca, incluindo Akio Toyoda.

Antes de se estabelecer em Aichi, a prensa foi completamente restaurada ao seu estado original, embora não tenha sido fácil encontrar a cor que tinha em 1934, pois foi pintada várias vezes desde então e as fotos originais da década de 30 não serviram para nada, pois eram em preto e branco.

Original

Uma equipe de profissionais removeu as diferentes camadas de tinta para chegar à original, trocando o branco e o amarelo que tinha no Brasil pelo cinza original. Agora, a prensa está sendo usada para fabricar peças para módulos de células de combustível de hidrogênio.

"Acho que foi uma decisão incrível, baseada em uma cláusula que não pode ser expressa simplesmente com a palavra 'desafio'. Diante desta imprensa, fica claro que eles não queriam apenas fabricar carros, mas também construir uma indústria automotiva no Japão. Sinto que ele me transmite uma aura, como uma testemunha real tentando nos contar sua história", disse Akio Toyoda.

Imagens | Toyota

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