Elon Musk conquistou algo impensável há alguns anos: transformar a Tesla na fabricante de carros elétricos mais odiada

Até pouco tempo atrás, a Tesla era considerada uma das empresas mais admiradas e inovadoras da indústria automotiva, destacando-se entre as marcas preferidas pelos consumidores.

No entanto, um estudo recente mostra uma mudança radical na percepção pública da marca, revelando que a fabricante de veículos elétricos se tornou a mais odiada pelos consumidores. Algo que explicaria a queda de 14% nas entregas de veículos registrada pela Tesla em seu balanço do segundo trimestre.

Não são os carros, é a marca

Essa mudança na opinião dos consumidores está amplamente ligada ao cansaço com as promessas não cumpridas da marca em relação a recursos como o FSD (Full Self-Driving) e, principalmente, ao envolvimento político de Elon Musk.

O estudo "Electric Vehicle Intelligence Report", que entrevistou mais de 8 mil pessoas na primavera e no verão de 2025, revelou que a Tesla ocupa o último lugar em popularidade em uma lista de 19 fabricantes de veículos elétricos. 39% dos entrevistados têm uma opinião negativa sobre a marca, percentual muito superior ao de outras fabricantes de carros elétricos, como General Motors, Kia ou Ford, que registram apenas 13% de percepção negativa cada.

Clientes perderam confiança

O relatório observa que "a reputação da marca Tesla continua a cair. A líder do setor continua com sérios problemas junto aos consumidores, como evidenciado pela menor percepção positiva líquida (-13) registrada em nossos dados até o momento, bem como pelo maior percentual total de desconfiança (48%) e pela menor intensidade de confiança (-19) entre todas as marcas de VEs pesquisadas."

Nesse contexto, não importa se a Tesla construirá o melhor carro elétrico do mercado amanhã, se não reconquistar primeiro a confiança de seus potenciais clientes.

Tesla não parece mais interessante

O relatório destaca o ceticismo dos consumidores em relação às propostas da marca, como resultado das promessas não cumpridas feitas por seu CEO há décadas e que ainda não se concretizaram. Como consequência, eles não demonstram mais interesse nas novidades da marca.

Ao perguntar aos participantes sobre o novo serviço de robotáxi que a Tesla está testando em Austin, a maioria dos entrevistados inicialmente desconhecia o serviço. Após a leitura de um artigo informativo publicado no The Wall Street Journal, 50% se manifestaram contra o uso do serviço e 53% se mostraram preocupados com sua segurança e confiabilidade, após os acidentes fatais com o Autopilot, que estão levando a empresa à Justiça.

Ponto de virada

De acordo com a pesquisa anual Axios Harris Poll 100, em 2021 a Tesla desfrutava de uma reputação invejável, sendo reconhecida como a nona marca mais apreciada pelo público americano. Essa situação se manteve até 2024, quando caiu para a 65ª posição entre 100, coincidindo com o posicionamento político de Elon Musk ao anunciar apoio à candidatura de Donald Trump.

A partir daí, a popularidade da Tesla só caiu. Após o envolvimento de Musk nos cortes do DOGE, a reputação da Tesla continuou a despencar e agora está na 95ª posição entre 100. A SpaceX apresentou uma queda semelhante.

Não apenas entre os consumidores, mas também entre os acionistas. O relatório revelou que 61% dos participantes querem que Elon Musk pare de se envolver em política e se concentre no futuro da empresa. 51% dos acionistas da Tesla entrevistados querem que Musk dedique mais tempo à Tesla.

Quando questionados sobre o papel político de Musk, 12% disseram preferir que ele continue envolvido em atividades governamentais, enquanto 43% consideram que sua saída do DOGE foi positiva para a Tesla.

Imagem | Flickr (Gage Skidmore), Unsplash (Dmitry Novikov)