Tendências do dia

Cientistas simulam inverno nuclear e crise alimentícia foi pior do que o esperado

Impacto na agricultura teria efeitos severos na economia e no abastecimento de alimentos

rua com neve, céu preto e prédios destruídos. Créditos: banco de imagens
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
laura-vieira

Laura Vieira

Redatora
laura-vieira

Laura Vieira

Redatora

Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

82 publicaciones de Laura Vieira

Você sabia que um conflito nuclear poderia desencadear uma crise global muito mais grave do que se imagina? É isso o que afirmam os pesquisadores da Penn State University! Eles realizaram uma pesquisa usando o modelo agroecossistema Cycles para prever quais seriam os impactos de uma guerra nuclear nas plantações globais. Os resultados das simulações revelaram que o bloqueio da luz solar causado pelo conflito poderia reduzir a produção de milho em até 87%, o que ameaçaria a segurança alimentar mundial. A solução dada pelos cientistas diante desse cenário preocupante, no entanto, é bem mais simples do que se imagina. A seguir, descubra quais foram as principais descobertas e o que fazer em caso de mega desastres.

O que é o inverno nuclear?

Você sabe o que é o inverno nuclear? Só de ouvir falar dá um certo medo e apreensão, mas isso na verdade nunca aconteceu. O inverno nuclear é um cenário hipotético que pode ocorrer após uma guerra nuclear em grande escala. Nesse cenário, a fumaça e a fuligem geradas pelas explosões e incêndios intensos subiriam à atmosfera, o que bloquearia a luz do sol e causaria uma queda significativa na temperatura global. Como consequência, a baixa temperatura prejudicaria as plantações, ameaçando a produção agrícola e, consequentemente, a segurança alimentar no mundo inteiro.

Para entender melhor como o inverno nuclear impactaria a humanidade, os pesquisadores da Penn State foram além da teoria. Eles usaram modelos para entender como esse cenário afetaria especificamente a produção de milho, um alimento essencial no mundo todo. Segundo Yuning Shi, professor associado da Penn State e autor principal do estudo, uma queda de 80% na produção global de milho teria efeitos catastróficos, provocando uma crise alimentar em escala mundial. Mesmo uma redução de apenas 7% já seria suficiente para gerar impactos graves na economia e aumentar a fome e a insegurança alimentar.

Como a simulação foi feita?

Para analisar os impactos de um inverno nuclear, os cientistas da Penn State utilizaram o modelo de agroecossistema Cycles, uma ferramenta desenvolvida para simular o crescimento das plantas em diferentes condições ambientais. Esse modelo leva em conta fatores como temperatura, luz, carbono e nitrogênio, permitindo uma previsão mais detalhada e em larga escala da produtividade das culturas ao longo do tempo.

Com o uso de supercomputadores, a equipe simulou a produção de milho em milhares de locais ao redor do mundo, testando seis cenários diferentes de conflito nuclear, variando a quantidade de fuligem lançada na atmosfera. Esses estudos ajudam a entender como a agricultura global pode reagir a catástrofes climáticas extremas, oferecendo informações importantes para o planejamento e a adaptação.

O milho foi o foco principal da pesquisa por ser o cereal mais cultivado no mundo e por ser um alimento fundamental para a alimentação global, já que é versátil, possui um bom valor nutricional e é importante para a produção de alimentos e rações. Além dos efeitos do bloqueio solar, os cientistas também consideraram o aumento da radiação UV-B nas simulações, que pode prejudicar o desenvolvimento das plantas, danificar seu DNA e reduzir a capacidade de fotossíntese, dificultando ainda mais o cultivo.

Os resultados mostraram que, dependendo da gravidade do conflito, a produção de milho poderia cair entre 7% e 87%. Uma queda como essa teria consequências significativas na alimentação com impactos econômicos e sociais, aumento da fome e insegurança alimentar.

Cientistas sugerem a criação de kits

Mas o que fazer em um cenário devastador como esse? Para enfrentar os desafios, os pesquisadores recomendam a preparação de "kits de resiliência agrícola". Esses kits conteriam sementes de variedades que crescem rápido e toleram temperaturas mais baixas, adaptadas a condições adversas causadas por desastres como o inverno nuclear.

A ideia é que esses kits estejam disponíveis antes que qualquer desastre aconteça, para garantir que seja possível manter a produção de alimentos enquanto a infraestrutura agrícola se recupera. Esse tipo de preparação pode ser essencial não só para guerras nucleares, mas também para outros grandes eventos naturais que afetem a agricultura, como terremotos e tsunamis.

Inicio