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A Nova Zelândia vai implementar uma ideia que já foi discutida milhares de vezes contra o turismo: cobrar para ver lugares bonitos

  • "Vi a surpresa de amigos estrangeiros quando conseguem visitar alguns dos lugares mais bonitos do mundo de graça."

  • Ela planeja cobrar entre 10 e 20 euros para financiar a conservação de seus grandes ícones naturais.

Governo da Nova Zelândia quer cobrar imposto de turistas | Imagem:  Christian Michel (Flickr)
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Igor Gomes

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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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O Monte Cook (Aroaki) é um dos marcos mais emblemáticos da Oceania, uma montanha com pouco mais de 3.700 m de altura localizada no coração dos Alpes da Nova Zelândia e famosa por seus picos nevados. O local é fascinante, assim como a praia de Cathedral Cove , a Trilha Milford e o Parque Nacional Tongariro , todos tesouros naturais da Nova Zelândia. Se os planos do governo forem adiante, os estrangeiros em breve terão que gastar muito para aproveitá-los.

O motivo? A Nova Zelândia quer cobrar uma taxa deles.

Amigos surpresos 

O anúncio foi feito no sábado pelo primeiro-ministro do país, Christopher Luxon, e pela ministra da Conservação, Tama Potaka: o governo planeja cobrar uma taxa extra de estrangeiros que visitarem algumas das áreas protegidas mais populares da Nova Zelândia para ajudar a conservá-las.

"Os turistas contribuem para a nossa economia e ninguém quer que isso mude", reconhece Luxon. "Mas já ouvi de amigos estrangeiros muitas vezes o quanto eles se surpreendem por poderem visitar alguns dos lugares mais bonitos do mundo de graça."

Os grandes ícones

"Lugares que são especiais para os neozelandeses devem ser protegidos, por isso apoiaremos ainda mais o DOC (Departamento de Conservação) introduzindo uma taxa para visitantes estrangeiros acessarem os locais mais populares", confirmou o Primeiro-Ministro. Pelo menos inicialmente, o governo tem em mente quatro dos locais mais emblemáticos do país: Cathedral Cove/Te Wahanganui-a-Hei , Tongarino Crossing , Milford Sound e Aoraki Mount Cook , locais onde os estrangeiros normalmente representam 80% das visitas.

Um valor: R$ 126 

O governo não só tem uma lista de enclaves, como também considerou uma possível taxa. Em um comunicado publicado neste sábado, o governo sugere que é "justo" que estrangeiros que visitam esses "lugares especiais" paguem uma taxa extra entre 20 e 40 dólares neozelandeses por pessoa, o que, traduzido em euros, equivale a uma faixa entre 10 e 20 euros, mais ou menos.

"Para o patrimônio natural, isso significará uma receita de até US$ 62 milhões por ano (quase € 32 milhões) que será reinvestida diretamente nessas mesmas áreas, para que possamos continuar investindo nos lugares que sustentam grande parte do nosso setor turístico", afirma Potaka. A ideia é que a taxa seja paga apenas por estrangeiros, não por moradores locais, que continuarão a ter acesso gratuito. "É o nosso patrimônio coletivo, e os neozelandeses não deveriam ter que pagar."

Há mais alguma novidade?

Sim. O Guardian sugere que as taxas provavelmente serão cobradas a partir do ano que vem. Outra questão fundamental que o governo já está considerando é como diferenciar entre visitantes estrangeiros e neozelandeses, embora isso não pareça ser um grande desafio.

"Quando você vai ao Auckland Domain, precisa comprovar que é de Auckland se quiser um preço diferente", lembra Potaka. O mesmo vale para os preços diferenciados dos passeios. Estrangeiros pagam um pouco mais do que os locais, e há diferentes maneiras de comprovar isso, como passaportes, certificados, etc.

O turismo é uma prioridade

A decisão do governo ocorre após a economia da Zelândia entrar em recessão técnica no ano passado, o que levou o governo a buscar maneiras de estimular o crescimento. Nesse contexto, o turismo emergiu como uma valiosa fonte de renda. Nos últimos meses, o governo intensificou sua promoção, flexibilizou as regras para a chegada de nômades digitais e facilitou a vida para visitantes chineses.

A partir de novembro, o país testará um programa de isenção de visto para portadores de passaporte chinês que viajam da Austrália com um visto australiano válido. "Isso tornará mais fácil, barato e rápido para eles cruzarem o Mar da Tasmânia e visitarem nossas costas", explica a Ministra da Imigração, Erica Stanford. O país encerrou 2024 com 3,3 milhões de visitantes estrangeiros.

Há alguma outra mudança?

Sim. A Nova Zelândia não planeja apenas cobrar um imposto extra de estrangeiros. No mesmo comunicado que anuncia a medida, Luxon e Potaka descrevem seus planos de alterar a Lei de Conservação para facilitar "uma nova onda de concessões" em setores como turismo e agricultura.

O motivo? O Executivo nos lembra que grande parte do território é área protegida por seu valor histórico, cultural e de biodiversidade, e embora já existam negócios na região (pastores ou pistas de esqui, por exemplo), não é fácil configurá-los.

Para isso, é necessária uma concessão, e o regime de concessões está completamente falido. Muitas vezes, leva anos para obtê-la ou renová-la, deixando as empresas em um limbo burocrático. O governo fala em "regulamentações obsoletas" e anuncia sua intenção de promover "mais empregos, crescimento e salários mais altos". O anúncio já atraiu críticas da organização ambiental Forest & Bird.

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