O Brasil acaba de dar um passo daqueles que entram para a história da saúde pública. A Anvisa aprovou a primeira vacina contra a dengue totalmente produzida em território nacional. Um projeto capitaneado pelo Instituto Butantan, que agora se prepara para integrar o imunizante ao Programa Nacional de Imunizações já em 2026. Para um país que vive sob a ameaça constante do Aedes aegypti, é mais que um avanço científico, é uma verdadeira conquista social.
A liberação marca o encerramento de uma análise técnica que confirmou a segurança e a eficácia da vacina, feita a partir de uma tecnologia já conhecida e amplamente utilizada no mundo: vírus vivo atenuado. Nos estudos, o imunizante apresentou 74,7% de eficácia contra casos sintomáticos em pessoas de 12 a 59 anos e, mais impressionante, 89% de proteção contra formas graves — justamente aquelas que mais pressionam hospitais e colocam vidas em risco. É ciência nacional entregando resultado de primeira linha.
Agora, a bola está com o Ministério da Saúde, que deve definir nas próximas semanas como será a estratégia de vacinação e quais públicos serão priorizados. A oferta será exclusiva pelo SUS e, diferentemente do que acontece hoje — com vacinas importadas distribuídas a 2,7 mil municípios —, a produção poderá ganhar escala graças à parceria entre Butantan e a empresa chinesa WuXi.
O investimento também não é pequeno. Só para ampliar a estrutura do Butantan e viabilizar a produção da nova vacina, o Novo PAC Saúde destina mais de R$ 1,2 bilhão. É parte de um pacote maior, que ultrapassa R$ 10 bilhões por ano, garantindo que o instituto siga como referência mundial em imunobiológicos.
Mesmo com a queda expressiva nos casos de dengue em 2025 — redução de 75% em relação ao ano anterior —, o vírus segue como desafio nacional. Foram mais de um milhão de casos prováveis até outubro, com São Paulo concentrando mais da metade deles. Com o novo imunizante, o país ganha uma arma poderosa para mudar esse cenário nos próximos anos. E, pela primeira vez, com uma vacina 100% brasileira.
Crédito de imagem: Agência Gov/Ricardo Stuckert/PR
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