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Achávamos que tínhamos resolvido o mistério das “árvores” gigantes do Paleozoico: não poderíamos estar mais errados

Classificados inicialmente como plantas e depois como fungos, esses organismos gigantes permanecem um mistério

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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Há mais de um século, quando os primeiros fósseis conhecidos de Prototaxites foram investigados, a intuição dizia que deviam ser os restos de uma árvore. Décadas de estudo revelaram aos paleontólogos que esse fóssil não pertencia a uma planta, então tudo parecia indicar que se tratava de um imenso fungo. Agora, um novo estudo reabriu essa questão.

Nem planta nem fungo

O estudo em questão reacendeu a discussão sobre a natureza e a taxonomia dos Prototaxites, seres pré-históricos que até agora o consenso científico classifica como fungos. A implicação de "retirar" esses seres do ramo evolutivo dos fungos é que talvez eles pertencessem a um ramo extinto e desconhecido da árvore da evolução.

Há 400 milhões de anos

O que sabemos sobre os Prototaxites a partir do registro fóssil é que eles eram organismos que viveram por volta de meados da era Paleozoica, entre 420 milhões e 375 milhões de anos atrás. Esses seres tinham uma estrutura mais ou menos cilíndrica, semelhante a um tronco, e se elevavam até oito metros acima do céu, com um diâmetro que podia chegar a um metro. Essas medidas e sua idade os tornam um dos primeiros seres de grande porte dos quais temos evidências no registro fóssil.

O debate sobre a natureza desses seres vivos pré-históricos parecia estar resolvido desde meados dos anos 2000. Foi então que uma análise revelou que os Prototaxites não obtinham seu carbono da fotossíntese, como ocorre com as plantas, mas sim de outros organismos vivos, como os fungos.

Rhynie Chert

O novo estudo que reabre o caso agora fornece evidências de que este ser não pertencia ao reino fúngico e se concentra em uma das espécies conhecidas deste gênero, Prototaxites taiti. A equipe se voltou para fósseis encontrados no sítio Rhynie Chert, na Escócia. Este sítio contém não apenas restos fósseis desta espécie, mas também de espécies de fungos e outras pertencentes a outros reinos da natureza.

Semelhanças e diferenças

A nova análise dos fósseis desta espécie encontrou algumas semelhanças com estruturas fúngicas, como seria de se esperar. No entanto, apesar de possuírem estruturas tubulares internas semelhantes às dos fungos, esses tubos em P. taiti ramificavam-se e uniam-se de forma diferente do que seria de se esperar. Esse não foi, contudo, o detalhe mais estranho.

A análise não detectou nos fósseis evidências dos produtos associados à presença de quitina, um composto presente nas paredes celulares de todos os fungos contemporâneos e que sabemos também estar presente em fungos pré-históricos. Eles descobriram que a "assinatura" química era mais semelhante à deixada pela lignina, um polímero que associamos às plantas vasculares.

O estudo foi publicado, por enquanto, em versão preliminar no repositório bioRxiv, portanto, ainda não passou pela análise minuciosa padronizada da revisão por pares.

E aí?

Esse detalhe implica que devemos ser extremamente cautelosos ao tirar conclusões do estudo que temos diante de nós. Mesmo assim, a equipe que assinou o estudo descreve suas conclusões, que são, em princípio, preliminares.

Eles concluem que "a morfologia e a impressão digital molecular de P. taiti são nitidamente distintas daquelas de fungos e outros organismos preservados com ela em Rhynie chert, e sugerimos que seja melhor considerá-lo um membro de um grupo de eucariotos não descrito e totalmente extinto".

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