O criador do Slack critica a perda de produtividade causada pelo que ele chama de trabalho "falso"; por exemplo: uma reunião para preparar outra reunião

Stewart Butterfield, cofundador e ex-CEO do Slack, um aplicativo onde funcionários e gerentes em diferentes locais podem se manter conectados, compartilhar e se comunicar, está muito atento, graças ao seu trabalho, a como as pessoas passam seus dias de trabalho. E o que ele observou coincide com o que muitos estudos têm destacado, inclusive outros executivos: o tempo gasto em reuniões.

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Butterfield falou recentemente no podcast de Lenny e afirmou que "atividades hiper-realistas que simulam trabalho são superficialmente idênticas ao trabalho... Mas, na verdade, são trabalho falso, e são muito sutis". Butterfield cunhou esses dois conceitos após observar o tipo de trabalho envolvido na transformação de startups em grandes empresas.

O empreendedor cofundou a plataforma de compartilhamento de fotos Flickr em 2002, atuando como seu CEO por vários anos. Em 2009, ele criou e liderou a gigante Slack, avaliada em US$ 26,5 bilhões (cerca de R$ 140,7 bilhões).

Segundo a Fortune, ele mantém um perfil discreto desde que deixou a empresa em janeiro de 2023. Mas costuma compartilhar insights interessantes sobre produtividade.

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Trabalho "falso" e trabalho valioso

Graças às suas décadas de experiência no mundo dos negócios, ele dividiu a produtividade do trabalho em duas categorias: atividades hiper-realistas, semelhantes ao trabalho, que ele considera trabalho "falso", e trabalho valioso que fomenta a inovação e consolida o sucesso.

Como fundador de duas startups, Butterfield testemunhou em primeira mão como o problema do trabalho "falso" surge frequentemente nos primeiros anos de uma empresa.

Inicialmente, os funcionários simplesmente tentam fazer a empresa funcionar: abrir uma conta bancária, criar uma lista de usuários e, em geral, realizar todo o trabalho prático que é "absolutamente" necessário para estabelecer a marca. Essas tarefas iniciais geram valor, pois são essenciais para o funcionamento de um negócio.

Porém, à medida que uma empresa cresce, essa criação de valor muda. "O problema com quase todas as organizações é que, no início, elas têm uma enorme quantidade de trabalho que sabem o que fazer e que será valioso." E é aí que reside o problema. O empreendedor acredita que existe "uma atividade de trabalho hiper-realista que é superficialmente idêntica ao trabalho... Mas, na verdade, é trabalho falso, e é muito sutil."

Um desses problemas são as reuniões: "As pessoas se reúnem com seus colegas para revisar a apresentação que farão na reunião principal e para obter feedback sobre se devem melhorar alguns slides", explicou Butterfield. E essa é uma das atividades que ele descreve como aparentemente hiper-realistas e semelhantes a trabalhos que não agregam valor significativo aos resultados.

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Butterfield tem certeza de que isso não acontece porque os funcionários são "estúpidos" ou "maus", mas simplesmente porque querem ser reconhecidos pelas tarefas que realizam. E se os gestores não forem transparentes sobre o trabalho valioso que se sabe ser necessário, os funcionários tentarão se destacar dentro do status quo de suas equipes.

Os funcionários e os CEOs nem percebem que estão realizando um trabalho "falso". Atividades hiper-realistas e semelhantes ao trabalho nem sempre são manifestamente improdutivas, segundo o especialista.

Na verdade, Butterfield afirmou que o trabalho "falso" é frequentemente percebido como tarefas típicas de trabalho, como realizar uma reunião para revisar o conteúdo que será apresentado posteriormente na reunião principal e obter feedback dos colegas.

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Esse empreendedor acredita que os líderes são responsáveis ​​por ajudar a direcionar o trabalho de forma eficaz. Ele explica: 

"Quanto mais distante você estiver de ter todos os contatos, todas as informações e a autoridade para tomar decisões, mais fácil será cair nessa armadilha, e as pessoas simplesmente executarão uma enorme quantidade de atividades hiper-realistas, semelhantes ao trabalho".

Portanto, a responsabilidade de garantir que todos os funcionários, desde os iniciantes até os executivos seniores, realizem um trabalho valioso e reconhecido recai sobre a alta administração.

Imagem de capa | Christina @ wocintechchat.com no Unsplash