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O conselho de ex-funcionários do Google para limpar a tela e usar menos o celular

Imagem | Mika Baumeister no Unsplash
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PH Mota

Redator
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PH Mota

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Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

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Uma tela de celular vazia e sem vários ícones. A imagem pode parecer surpreendente e inesperada, mas não veio do nada. A ideia vem do livro Make Time: How to Focus on What Matters Every Day (Ganhe tempo: como focar no que importa todos os dias), de Jake Knapp e John Zeratsky, designers e ex-funcionários do Google e do YouTube, respectivamente. Com esse histórico, não surpreende que saibam o que está por trás de aplicativos que incentivam o uso prolongado da tela.

Quem tem um celular conhece a sensação: perder-se entre notificações, ícones coloridos, sons e animações projetados para capturar a atenção e mantê-la por mais tempo. Para resolver isso, uma das táticas sugeridas no livro é direta: deixar a tela inicial em branco.

Visual desconcertante

Como explicam Knapp e Zeratsky, os smartphones são projetados para velocidade: basta escanear o rosto e estão prontos para uso. Se a tela inicial contém os aplicativos mais usados, tudo se torna ainda mais ágil — e, em segundos, o usuário já está no Instagram.

Para tornar o processo de uso de celular menos automático, aplicativos “indispensáveis” podem ser movidos para a última tela, exigindo vários deslizamentos. A intenção é desacelerar: uma pausa proposital que permita refletir se o uso é mesmo necessário ou apenas automático.

Com a pré-visualização ativada apenas quando o celular está desbloqueado, somada ao modo silencioso e à ausência de notificações visuais na tela inicial, torna-se impossível saber de algo novo sem interagir diretamente com o aparelho. Se houver uma ligação e o celular estiver à vista, pelo menos é possível notá-la.

Essa configuração exige uma postura mais ativa, ou seja, é preciso pegar o celular, desbloqueá-lo e navegar entre as telas em busca de aplicativos e avisos — algo inicialmente incômodo. Primeiro, por medo de perder algo importante; segundo, porque a navegação se torna realmente irritante, em comparação com a facilidade de tudo a um clique de distância.

Durante o tempo livre, ao invés do costume de explorar a timeline do Twitter/X e ver vídeos no Instagram antes de dormir, o usuário pode ter menos incentivo para o uso.

Original

Os impulsos automáticos que levavam ao uso desnecessário do celular acabam reduzidos ao mínimo. A principal mudança promovida pela técnica de Jake Knapp e John Zeratsky é o fim da inércia: aquele desbloqueio sem motivo, o gesto automático que leva ao Instagram, a rolagem infinita sem propósito. Quando a ação exige consciência, é preciso pensar duas vezes.

Aquele desbloqueio aleatório no metrô, apenas para abrir o primeiro aplicativo visível, não ocorre mais de forma tão simples ou instintiva: é lento e irritante, diferente da rotina habitual. Ter que deslizar por quatro telas e procurar tudo desmotiva o uso.

Como curiosidade: há mais de uma década (quando celulares e aplicativos ainda não eram tão dominantes), Knapp realizou diversos experimentos para controlar melhor o tempo, como desativar o Safari — o que se transformou em uma experiência ao longo dos anos, resultando em um “iPhone livre de distrações”.

Imagem | Mika Baumeister no Unsplash

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