Montadora chinesa vai produzir dois de seus modelos na Europa para escapar das tarifas e reduzir preços de venda

BYD e Leapmotor foram pegos de surpresa. A fabricante chinesa de carros elétricos Xpeng iniciou a produção de veículos na Europa, mais precisamente em Graz, na Áustria. A marca optou por se associar a uma empresa experiente na construção automotiva para lançar sua produção europeia: a Magna.

Assim, enquanto a BYD ainda enfrenta dificuldades com sua futura fábrica na Hungria e a Stellantis decidiu interromper a montagem do Leapmotor T03 na Polônia por falta de acesso ao bônus, a Xpeng já conta com veículos saindo das linhas de produção, construídos na Europa.

A marca apresentou no Salão de Munique toda a sua linha, com o G6, o grande SUV G9, o monovolume X9 e o XPeng P7+. Por enquanto, apenas o G6 e o G9 são produzidos na fábrica da Magna, embora a montadora tenha confirmado a intenção de ampliar, com o tempo, a produção austríaca para outros modelos.

O principal interesse dessa manobra é evitar as tarifas de importação aplicadas a carros chineses, reduzir os custos de transporte e ganhar competitivdade diante da concorrência europeia. As produções “Made in China” da Xpeng, de fato, sofrem uma sobretaxa de 31% ao chegar à Europa. Na França, o eco-score dos G6 e G9 também será melhorado, mesmo que, com preços a partir de € 46.990 (cerca de R$ 292.810) e € 59.990 (R$ 373.973), o acesso ao incentivo “coup de pouce” não seja, em teoria, possível.

Ainda assim, uma redução no preço do G6 continua possível graças às economias geradas por essa realocação da produção. Isso poderia permitir que o modelo se qualificasse para essa ajuda, cuja condição inclui um preço de compra máximo de € 47.000 (R$ 293 mil). Essa estratégia já é aplicada na Espanha com a Chery, que produz o Omoda 5 e o Jaecoo 7 na Ebro, antiga subsidiária da Nissan. Esses modelos, no entanto, não são comercializados atualmente na França.

Um parceiro solidamente estabelecido

A Magna-Steyr ficou conhecida por sua experiência em transmissões integrais e veículos diferenciados, notadamente para a Mercedes, com suas Classe G e Classe E 4Matic, e também para o Peugeot RCZ. Mais recentemente, a empresa colaborou com a Toyota em sua última Supra, com a BMW na Z4 (que também serve de base técnica para o modelo japonês), além do atual Classe G e dos Jaguar I-Pace e E-Pace.

Com o fim da produção completa da Jaguar e a iminente descontinuação dos BMW Z4 e Toyota Supra, essa parceria ajuda a revitalizar a empresa. Outra marca chinesa, a GAC, fará a mesma escolha da Xpeng e se associará à Magna para produzir alguns de seus modelos.

Dentro de sua estratégia de implantação europeia, a Xpeng também conta, em Munique, com um centro de pesquisa e desenvolvimento dedicado à adaptação de seus modelos chineses às exigências do mercado europeu. Embora a marca tenha chegado ao Velho Continente apenas em 2021, esses investimentos demonstram suas grandes ambições para o nosso mercado. Entre seus objetivos estão, entre outros, conquistar vendas frente a uma concorrência feroz, tanto de fabricantes europeus quanto chineses.

Este texto foi traduzido/adaptado do site L’Automobile Magazine.