A TSMC está avaliando a possibilidade de construir uma fábrica de circuitos integrados de última geração nos Emirados Árabes Unidos. A empresa taiwanesa, a maior fabricante de chips do planeta, embarcou em um plano ambicioso para expandir sua infraestrutura de fabricação além das fronteiras de Taiwan para se proteger de um possível conflito armado entre a China e seu país de origem.
Atualmente, a TSMC está construindo novas fábricas de semicondutores nos EUA, Alemanha, Japão e Taiwan, e essa potencial fábrica nos Emirados Árabes Unidos ajudaria a consolidar sua rede de fábricas de última geração além das fronteiras da ilha de origem. No entanto, as negociações que a TSMC e o governo dos Emirados provavelmente estão mantendo começaram há muitos meses, em setembro de 2024.
No final de setembro passado, o The Wall Street Journal e a Reuters, dois veículos de comunicação de comprovada credibilidade, revelaram que vários executivos da TSMC e da Samsung viajaram aos Emirados Árabes Unidos para negociar a possibilidade de construir diversas fábricas de circuitos integrados de última geração neste país do Oriente Médio. Segundo essas duas fontes, o governo dos Emirados está disposto a assumir o financiamento dessas fábricas.
Isso porque, assim como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos precisam diversificar sua economia, antecipando a provável perda de relevância do petróleo a médio prazo. E a tecnologia, na situação atual, é uma aposta segura. Além disso, o potencial de crescimento da indústria de semicondutores é avassalador. Basta olhar para o mercado de hardware de inteligência artificial (IA) para constatar isso.
De acordo com a consultoria AMR (Allied Market Research), em 2031 o mercado de chips para aplicações de IA movimentará mais de 263 bilhões de dólares. É uma verdadeira barbárie, especialmente se considerarmos que, em 2021, seus negócios somaram pouco mais de 11 bilhões de dólares. É evidente que, na situação atual, a TSMC e os Emirados Árabes Unidos estão ganhando. No entanto, este projeto não se concretizará se a empresa taiwanesa não obtiver a aprovação dos EUA.
Grande parte dos equipamentos de fotolitografia e processamento de wafers utilizados pela TSMC em suas fábricas utiliza tecnologias de origem americana. E alguns de seus processos de produção também dependem de patentes detidas pelos EUA. Essa dependência é o que dá ao governo liderado por Donald Trump o poder de apoiar ou proibir a construção de uma ou mais fábricas de chips de ponta, não apenas nos Emirados Árabes Unidos, mas também em qualquer outro país.
O relacionamento entre os governos dos EUA e dos Emirados Árabes Unidos é atualmente bom, mas este último país também mantém laços estreitos com a China e o Irã. Se, no futuro, a situação geopolítica fizer com que os Emirados Árabes Unidos se afastem dos EUA e se aproximem destes dois últimos países, a presença de uma ou mais fábricas de semicondutores de ponta que não estejam sob o controle dos EUA representará um problema de segurança para esta última nação. O governo dos EUA permitiu que a NVIDIA vendesse suas GPUs para seus clientes dos Emirados e também que a OpenAI se estabelecesse neste país oriental, mas, no momento, parece improvável que apoie este projeto da TSMC.
Contraponto
Apesar dos relatos, de acordo com a TechInAsia, o presidente da TSMC, C.C. Wei, disse durante reunião com acionistas, que a empresa que ele lidera não construirá uma fábrica de circuitos integrados de última geração nos Emirados Árabes Unidos. Essas informações conflitam com o que foi publicado pelo The Wall Street Journal, Reuters ou Bloomberg, entre outros veículos de comunicação de renome. Provavelmente, nos próximos dias, teremos mais dados sobre essa disputa.
Imagem | TSMC
Saiba mais | Bloomberg
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