A Black Friday virou tradição no varejo brasileiro e, com isso, terreno fértil para golpes cada vez mais sofisticados. Segundo a Serasa Experian, existe um alvo preferencial nessa corrida digital: os Millennials. Durante a edição de 2024, a Geração Y liderou as compras online com mais de 2 milhões de transações, mas também recebeu a maior fatia das tentativas de fraude: quase 30%. Além da estatística, o alerta ajuda a desenhar como 2025 deve repetir (ou intensificar) o mesmo padrão.
Essa combinação de alto volume de compras, rapidez de navegação e uso constante de dispositivos móveis transforma os Millennials no ponto ideal de ataque. O estudo monitorou 5,2 milhões de transações que movimentaram R$ 3,5 bilhões — e encontrou 32,4 mil tentativas de golpe interceptadas, que poderiam ter causado R$ 51,8 milhões em prejuízo. Homens da Geração Y foram especialmente visados, mesmo com as mulheres realizando a maior parte das compras no período.
De acordo com Rodrigo Sanchez, diretor da Serasa Experian, os fraudadores operam com precisão estratégica. “Os criminosos seguem o movimento do consumidor; quando ele acelera, eles também”, explica. E esse comportamento fica ainda mais evidente quando se observa o relógio.
O levantamento mostra que as vendas se concentram entre 10h e 23h, com pico entre 13h e 14h, quando o fluxo ultrapassa 300 mil pedidos por hora. Mas é na madrugada — justamente quando o consumidor está mais relaxado e o movimento cai para cerca de 65 mil compras por hora — que os golpistas enxergam a brecha perfeita. Entre 0h e 2h, a taxa de ataques dobra e atinge 2% às 3h da manhã, o dobro da média diária. Ou seja, enquanto muitos aproveitam a madrugada para caçar promoção, os criminosos fazem o mesmo — só que de olho em vulnerabilidades.
O mapa do Brasil também mostra contrastes interessantes. O Sudeste, que concentra o maior volume do e-commerce, registrou 3,1 milhões de compras e evitou R$ 30,4 milhões em perdas — 0,6% de todas as transações. Já o Norte, com volume bem menor (130 mil pedidos), teve a maior taxa proporcional de tentativas de golpe: 1,04% das compras foram bloqueadas antes de virar prejuízo, somando R$ 2 milhões poupados.
Outro ponto de atenção é o PIX. O método já responde por mais de 570 mil pedidos e R$ 184 milhões em vendas, mas ainda não conta com os mesmos filtros antifraude disponíveis nos cartões de crédito. Isso abre uma nova frente de riscos e exige que bancos, varejistas e fintechs fortaleçam a integração e criem mecanismos mais robustos de proteção.
Com números que mostram como o comportamento do consumidor é espelhado pelos criminosos, os especialistas reforçam: a Black Friday é sobre aproveitar ofertas — mas também sobre não baixar a guarda, especialmente para quem nasceu entre o fim dos anos 80 e o começo dos 2000.
Créditos de imagens: Xataka Brasil via Gemini, Serasa Experian.
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