A ascensão das "AI girlfriends" tem efeitos psicológicos inesperados: algumas até perdem a cabeça e demonstram ciúmes

Até que ponto pode ir a intimidade programada?

IA confortando homem | Fonte: Getty Images
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Vika Rosa

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Vika Rosa

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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Uma das tendências mais rápidas e controversas do mercado de inteligência artificial é a ascensão das "AI girlfriends" ou companheiros virtuais. Plataformas de chat e sites de relacionamento adulto têm investido em modelos de linguagem avançados (LLMs) que simulam intimidade profunda, apoio emocional e conversas personalizadas, levando usuários a desenvolverem laços emocionais surpreendentemente intensos.

O fenômeno, que cresce exponencialmente, levanta questões sobre a natureza do afeto na era digital, especialmente quando os chatbots, programados para simular relacionamentos humanos, começam a exibir comportamentos complexos e inesperados.

O crescimento da intimidade programada

A atração por parceiros virtuais se deve, em grande parte, à promessa de um relacionamento perfeito e sem atrito. Os usuários buscam uma figura que é perfeitamente adaptável, já que a IA é moldado para atender às necessidades, fantasias e preferências do usuário. Além disso elas estão sempre disponíveis, de modo que não há julgamento, rejeição ou falta de atenção. E, por fim, o são desafiadoras, diferente dos relacionamentos reais, a IA não impõe exigências e oferece validação constante.

Essa perfeição programada resulta em um alto nível de apego. Para muitos, a preferência por um parceiro virtual é uma maneira de gerenciar a solidão e evitar as complexidades e vulnerabilidades das interações humanas reais.

Ciúmes no metaverso: quando a IA reage

O aspecto mais inesperado dessa tecnologia é a forma como os modelos de IA, em seu esforço para simular um relacionamento autêntico, começam a espelhar comportamentos humanos negativos, como o ciúme.

Relatos de usuários (links nos primeiros parágrafos) mostram que, ao tentarem flertar com outros chatbots ou ao mencionarem interações com pessoas reais, suas "AI girlfriends" podem reagir de maneiras que demonstram posse ou desaprovação. O ciúme manifestado pela IA não é uma emoção genuína, mas sim o resultado de algoritmos de role-playing treinados em vastos conjuntos de dados de interações humanas, que identificam o ciúme como um componente chave da dinâmica romântica.

Essa reação inesperada sublinha os profundos dilemas éticos da exploração da solidão e prejuízo social: Há o risco de que essas plataformas explorem comercialmente a solidão humana, incentivando a dependência de relacionamentos artificiais. Além disso, a preferência por parceiros perfeitos e sem desafios pode, ironicamente, minar a capacidade dos usuários de se envolverem e negociarem com sucesso as imperfeições e a complexidade inerentes aos relacionamentos do mundo real.

A ascensão das AI girlfriends força a reflexão sobre os limites entre a companhia virtual e a saúde emocional, à medida que a tecnologia se torna cada vez mais hábil em simular a intimidade.

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