Tóquio cancelou Halloween para evitar superlotação; deu tão certo que agora outro feriado está na mira

O bairro mais famoso e movimentado da cidade não celebrará a chegada do ano novo.

Japão cancela Halloween e pretende seguir o mesmo com outros feriados - Imagem: Imagen | Dick Thomas Johnson
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Sofia Bedeschi

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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Em outubro, Tóquio tomou uma daquelas medidas que ficarão marcadas pelo impacto que tiveram nos cidadãos e turistas. Os prefeitos de Shibuya e Shinjuku, os distritos mais populares e movimentados da capital devido ao comércio e à oferta de lazer, tomaram uma decisão significativa: proibiram o consumo de álcool nas ruas para evitar as multidões de turistas que vinham se aglomerando na popular festa. Ao que parece, a medida foi tão eficaz que eles decidiram intensificá-la.

Primeiro foi o Halloween

Contamos isso há algumas semanas. Os prefeitos de Shibuya e Shinjuku organizaram uma coletiva de imprensa no Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão para transmitir uma mensagem clara e direta: eles não queriam que, no dia 31 de outubro, suas avenidas fossem tomadas por uma multidão de visitantes prontos para celebrar a noite dos mortos com umas boas doses de álcool.

Para deixar isso bem evidente, ambos os administradores posaram com cartazes informando sobre a proibição de beber nas ruas.

Além disso, para evitar qualquer dúvida, os cartazes não estavam apenas em japonês, mas também em inglês, uma prova de que a mensagem não era destinada apenas à população local.

Em Shinjuku, cartazes similares foram colocados e mensagens foram exibidas nos telões gigantes instalados no distrito. Já em Shibuya, foi tomada uma medida ainda mais direta: distribuíram tradutores automáticos para os guardas responsáveis por patrulhar durante o Halloween.

E agora, Ano Novo

A notícia agora se concentra em Shibuya. O bairro mais icônico e popular da capital do Japão decidiu cancelar as celebrações de Ano Novo pelo quarto ano consecutivo. Com uma diferença: este ano, quando se havia prometido finalmente uma "festa", a decisão, tomada por representantes do governo local e associações comerciais, reflete o ocorrido no Halloween.

A medida foi motivada por preocupações com a segurança pública, o aumento do turismo e as novas regulamentações sobre o consumo de álcool em espaços públicos.

O bairro que já foi

Desde 2016, o famoso cruzamento Shibuya Scramble se transformava, a cada 31 de dezembro, no coração das celebrações de Ano Novo em Tóquio. Ali, aconteciam concertos, havia celebridades convidadas, e o local se tornava a imagem icônica do fim de ano, atraindo mais de 120 mil pessoas em seu auge, consolidando-se como um evento emblemático da cidade.

No entanto, em 2020, tudo mudou. As celebrações foram suspensas devido à pandemia, e, embora o Covid tenha passado e as restrições sanitárias não fossem mais necessárias, o distrito não retomou os eventos. Na época, o motivo principal citado foi a dificuldade logística e de segurança para gerenciar multidões tão grandes em um espaço limitado.

O álcool

Este ano, o protagonista do "veto" está bastante claro. O fator decisivo por trás da decisão é a recente implementação de uma proibição permanente do consumo de álcool em espaços públicos em Shibuya, a primeira do tipo em Tóquio, motivada pelas hordas de turistas que chegam à cidade.

A medida, introduzida em outubro de 2024, busca promover um ambiente mais organizado e seguro, reduzindo os problemas de comportamento associados ao consumo excessivo de álcool durante eventos de grande porte. Segundo um porta-voz do distrito, "estamos no processo de mudar a cultura do consumo público de álcool em Shibuya. Não acreditamos que este seja o momento certo para organizar eventos dessa magnitude".

O turismo e os desafios logísticos

Essa é a outra questão que não pode ser ignorada. O fluxo crescente de turistas internacionais após a reabertura das fronteiras trouxe uma camada de complexidade sem precedentes à gestão de grandes eventos no país. As autoridades temem que a combinação de visitantes, consumo de álcool e grandes multidões possa comprometer a segurança pública e os recursos necessários para gerenciar o caos.

Além disso, como mencionado, o sucesso da proibição do Halloween em Shibuya reforçou a ideia de que a redução de eventos massivos pode melhorar a convivência e a ordem pública no distrito.

Um futuro incerto

Diante desse cenário, e apesar de ter sido discutida a retomada das festividades em 2024, o comitê organizador decidiu adiar qualquer possível recomeço até, no mínimo, 2025.

No fundo, surge uma dúvida: a continuidade dessas celebrações icônicas. Shibuya pode estar deixando para trás sua fama como centro de grandes festividades para adotar uma abordagem mais controlada.

Seja como for, a mudança na política de eventos massivos reflete uma transformação profunda na identidade do distrito. O que antes era o epicentro de festas urbanas e grande agitação pode se tornar um espaço mais regulado, focado no bem-estar público e, especialmente, local.

O futuro das celebrações de Ano Novo em Shibuya, assim como de qualquer outro grande evento, permanece uma grande incógnita.

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