Taxa da blusinha chegou aos EUA e vai doer no coração: apagão logístico imposto por Trump barra 4 milhões de pacotes de baixo valor por dia

Medida começa a valer no dia 29 de agosto, mais ainda há muitas incertezas sobre como vai funcionar

mulher conferindo caixas dentro de veículo. Créditos: banco de imagens
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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A onda de restrições que ficou conhecida popularmente no Brasil como “taxa da blusinha” chegou com tudo nos Estados Unidos. A partir do dia 29 de agosto, encomendas internacionais de baixo valor perderão a isenção de impostos e passarão a enfrentar novas tarifas e burocracias no país. A decisão tomada pelo governo Trump tem por objetivo mudar a maneira como os consumidores americanos compram de sites estrangeiros, mas deve gerar um apagão logístico devido a suspensão de mais de 4 milhões de pacotes que antes entravam livremente nos EUA por dia.

O que é a “taxa de blusinha”?

No Brasil, a expressão “taxa da blusinha” ficou famosa após a mudança nas regras de importação de compras até US$50. Antes livres de imposto de importação, essas compras passaram a ser tarifadas em 20%, além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que já era cobrado. A justificativa oficial era proteger a indústria nacional contra produtos importados baratos. O problema é que, na prática, os preços finais dos produtos subiram e consumidores sentiram o bolso pesar.

Agora, os Estados Unidos vão adotar uma medida semelhante com o fim da isenção de minimis. Pacotes de baixo valor, que antes entravam no país sem burocracia, passarão a ser taxados. A medida, segundo o governo Trump, busca frear a entrada de produtos baratos, em especial da China, e combater abusos, como o uso de brechas para enviar drogas ilegais pelo correio.

Entenda as mudanças com o fim da isenção de minimis

A isenção de minimis era uma regra dos Estados Unidos que permitia a entrada de pacotes de até US$800 sem cobrança de tarifas e com trâmites aduaneiros simplificados. Essa política facilitava a vida dos consumidores, que podiam comprar em sites estrangeiros sem se preocupar com taxas extras, e também beneficiava marketplaces internacionais, como Shein e Temu.  Agora, com o fim dessa isenção, prevista para o dia  29 de agosto, entram em cena novas tarifas e burocracias que já estão afetando o comércio global, levando correios de vários países a suspender entregas para os EUA. A seguir, entenda as principais mudanças e o impacto da medida:

O que muda com a nova medida:

  • Compras enviados do exterior, com valor inferior a US$100, seguem isentos;
  • Compras comuns feitas em sites estrangeiros serão taxadas de acordo com a origem ou poderão pagar uma tarifa fixa entre US$80 e US$200 por item durante os próximos seis meses;

Entenda como isso impacta a economia:

  • As compras online vindas do exterior, especialmente da China, podem ficar bem mais caras e devem demorar para chegar;
  • Marketplaces internacionais já começam a reagir. O Etsy, por exemplo, suspendeu alguns serviços de envio e orientou os vendedores a usar transportadoras privadas.

Veja quais países suspenderam os envios de produtos

As consequências dessa medida estão sendo mais rápidas do que o esperado. Diversos serviços postais em diferentes continentes já anunciaram a suspensão de entregas para os Estados Unidos, pelo menos até que haja clareza sobre como cumprir as novas regras impostas pelo país. A seguir, confira as medidas tomadas por alguns países de diferentes continentes:

  • Ásia: na Coreia do Sul, o Korea Post interrompeu encomendas aéreas e serviços expressos básicos, mantendo apenas opções premium; em Cingapura, o SingPost suspendeu envios comuns, liberando apenas os mais caros.
  • Europa: Correios da Noruega, Finlândia, Alemanha, Bélgica, Áustria e até o Reino Unido confirmaram suspensões parciais ou totais, enquanto adaptam seus sistemas às exigências americanas;
  • Oceania: Na Austrália, o Australia Post suspendeu serviços de trânsito (pacotes de terceiros países que passariam por lá a caminho dos EUA), mas manteve envios diretos entre os dois países.

A lista de países pode crescer nos próximos dias, já que as autoridades americanas ainda não esclareceram todos os procedimentos que deverão ser cumpridos após o dia 29 de agosto.

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