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Ter bons genes é ótimo, mas a alegria é melhor: o segredo de 80 anos de estudo de Harvard para uma vida longa

"A solidão mata. É tão poderosa quanto fumar ou o alcoolismo."

Terceira idade | Fonte: Getty Images
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Vika Rosa

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Vika Rosa

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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Há quase 80 anos, cientistas de Harvard iniciaram um dos estudos mais longos sobre a vida adulta no mundo, o Harvard Study of Adult Development, acompanhando 268 estudantes e, posteriormente, milhares de indivíduos de diferentes origens sociais. O objetivo era simples: descobrir os segredos para uma vida saudável e feliz.

Os resultados, coletados ao longo de décadas e através de gerações, contrariaram a crença inicial dos pesquisadores (que focava em genética e QI), revelando uma lição surpreendente e poderosa: o fator mais importante para a longevidade e a felicidade não é dinheiro, fama ou mesmo a genética, mas sim a qualidade dos seus relacionamentos.

A solidão mata, a conexão protege

O diretor do estudo, Robert Waldinger, psiquiatra do Massachusetts General Hospital, é categórico: "A solidão mata. É tão poderosa quanto fumar ou o alcoolismo."

Os laços sociais fortes e os relacionamentos próximos demonstraram ser o maior fator de proteção contra os descontentamentos da vida e ajudam a retardar o declínio mental e físico.

  • Previsão de saúde: os participantes que estavam mais satisfeitos em seus relacionamentos aos 50 anos foram os indivíduos mais saudáveis aos 80 anos. A satisfação conjugal, por exemplo, protegia as pessoas da dor física, fazendo com que não relatassem mau humor mesmo em dias de grande desconforto.
  • Proteção cerebral: o estudo provou que relacionamentos de qualidade não apenas protegem o corpo, mas também o cérebro. Casais que podiam brigar diariamente, mas que sabiam que podiam realmente contar um com o outro em momentos difíceis, não tiveram prejuízo na memória ao envelhecer.

Relações saudáveis são o segredo

Originalmente, o estudo, iniciado em 1938, focava em medições físicas detalhadas e determinismo biológico. Ao longo do tempo e sob a direção de psiquiatras como George Vaillant e Robert Waldinger, o foco mudou radicalmente para o papel dos laços emocionais.

Para George Vaillant, o psiquiatra que conduziu o estudo por décadas, a conclusão é clara: "A chave para um envelhecimento saudável é relacionamentos, relacionamentos, relacionamentos."

O estudo também desmistificou a ideia de que a personalidade está "fixa como gesso" aos 30 anos. Indivíduos que eram desorganizados ou "claramente desastres" aos 20 anos se tornaram octogenários maravilhosos, enquanto o alcoolismo e a depressão levaram pessoas que começaram a vida como "estrelas" ao declínio.

A principal mensagem de Harvard é que cuidar dos relacionamentos é uma forma de autocuidado tão importante quanto cuidar do corpo. Os pesquisadores incentivam as pessoas a investirem tempo e energia em seus laços sociais em todas as fases da vida, pois a trajetória de saúde começa a se diferenciar já a partir dos 30 anos.

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